“Você apostaria sua salvação nisso?”

As Obras de Vincent Cheung
8 min readFeb 22, 2021

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Os críticos atacam aqueles que usam um “testemunho interior” para discernir a vontade de Deus. Eles dizem que devemos olhar para a palavra de Deus para aprender a vontade de Deus, e não para um sentimento ou um pressentimento, ou algo assim. No entanto, essas mesmas pessoas aceitariam um sintoma de doença como a vontade de Deus e não aceitariam o que a Bíblia diz sobre isso. Eles atacariam aqueles que pensam que estão discernindo espiritualmente a vontade de Deus, que afirmam ouvir seus espíritos em busca de sinais que concordem com a palavra de Deus. Mas eles se defendem quando estão fisicamente discernindo a vontade de Deus, quando se rendem aos seus sintomas, mesmo quando essas coisas estão em desacordo com a palavra de Deus. Eles defenderiam esse tipo de pensamento como boa e velha ortodoxia. Isso é uma hipocrisia religiosa clássica.

Só porque algo acontece não significa que seja “a vontade de Deus” no sentido que queremos dizer aqui. Por exemplo, Jesus chamou Pedro para caminhar até ele sobre a água, e a princípio Pedro teve sucesso, mas depois viu o vento, ficou com medo e começou a afundar. Jesus não disse: “Esta deve ser a vontade de Deus, então simplesmente afunde e morra”. Em vez disso, ele estendeu a mão e ergueu Pedro. Depois ele não repreendeu o Pai pela vontade de Deus, mas repreendeu Pedro pela sua falta de fé. Ele disse a Pedro para caminhar até ele sobre a água. Ele disse a Pedro para experimentar o milagre. Ele deu sua palavra. Quando o milagre falhou, Jesus não usou a vontade de Deus como explicação, mas a falta de fé como explicação.

Não devemos permitir que as circunstâncias nos ditem a vontade de Deus, e então proceder nesta base, mas devemos permitir que as escrituras nos ditem a vontade de Deus, e então proceder nesta base. Pedro tinha a palavra de Deus sobre andar sobre as águas. Ele não tinha desculpa para afundar. Ele deveria ter dito: “Jesus me deu sua palavra, portanto é sua vontade que eu ande sobre as águas. Então eu me recuso a afundar, mas vou cumprir a sua palavra e viver este milagre”. Da mesma forma, se temos a palavra de Deus sobre a cura do corpo, não temos desculpa para estar doentes. Não seja como as fraudes religiosas. Nunca olhe para seus sentimentos e circunstâncias como revelações divinas.

Os sintomas da doença não oferecem nenhuma indicação da “vontade de Deus”. E as palavras de Deus? O que elas dizem? Se dizem: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades”, se dizem: “Imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”, se dizem: “A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará”, se dizem: “É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças”, se dizem: “Ele enviou a sua palavra e os curou”, e se dizem muitas outras coisas como essas, então levante-se e seja curado. Essa é a vontade de Deus. Pare de se esconder atrás da “vontade de Deus” quando o problema é sua falta de fé.

Mesmo o que parece ser uma oração ineficaz não é uma indicação da vontade de Deus. Os discípulos não conseguiram expulsar um demônio de um menino. Era a vontade de Deus que o menino sofresse? Não. Jesus expulsou o demônio e depois repreendeu os discípulos pela incredulidade deles. Isso não é uma má notícia, mas uma boa notícia. Isso significa que se Deus diz que você pode ter algo, então você pode ter. Mesmo que você não receba depois da oração, você não precisa aceitar isso como a vontade de Deus. Tenha alguma fé, então marche de volta para lá e receba o que deseja.

O homem de incredulidade diz: “Estou sofrendo isso. Já que isso está acontecendo, então deve ser a vontade de Deus para mim. Portanto, vou aceitá-lo e considerar como viver com ele. A Bíblia promete a cura de Deus, mas Deus é soberano, então embora Deus esteja contradizendo sua própria promessa, ele ainda é soberano, e eu deveria me submeter a esta situação como a vontade de Deus, independentemente do que a Bíblia me ensina a crer ou fazer a respeito disso”. Por outro lado, o homem de fé diz: “Estou sofrendo isso. Visto que Deus diz algo mais em sua palavra, e visto que isso contradiz o que Deus diz que eu posso ter, recuso-me a aceitar isso como a vontade de Deus. Portanto, vou rejeitar isso e seguir a palavra de Deus em como enfrentá-lo e destruí-lo. Deus é soberano, e se ele me escolheu para a salvação por meio de Jesus Cristo, então ele me deu fé em sua palavra. Portanto, se ele me escolheu, certamente sou capaz de crer em sua palavra sobre a cura milagrosa, e vou olhar para sua palavra e não para os sintomas de doença. Olharei para a palavra de Deus como a vontade de Deus, em vez de para as circunstâncias como a vontade de Deus. Não serei como alguém que não conhece a Deus ou a sua palavra”.

A respeito de Abraão, a Bíblia diz: “Sem se enfraquecer na fé, reconheceu que o seu corpo já estava sem vitalidade, pois já contava cerca de cem anos de idade, e que também o ventre de Sara já estava sem vigor”. Ele foi informado sobre sua condição física. Ele estava ciente dos sintomas. Mas ele também sabia que Deus havia dito algo sobre isso. “Mesmo assim não duvidou nem foi incrédulo em relação à promessa de Deus, mas foi fortalecido em sua fé e deu glória a Deus, estando plenamente convencido de que ele era poderoso para cumprir o que havia prometido”. Ele não aceitou as circunstâncias naturais como “a vontade de Deus”. Aceitar sua situação não teria sido um sinal de humildade ou submissão, mas seria “duvidar e ser incrédulo”. Em vez disso, ele olhou para a palavra de Deus, e a palavra de Deus disse que ele teria um filho. Ele deu “glória a Deus”, não repetindo estupidamente a frase como algumas pessoas fazem, e não aceitando a situação como “providência”, mas ele rejeitou a realidade existente, porque Deus havia dito algo sobre isso.

Deus também disse muitas coisas sobre nós, sobre nossa saúde, sobre nosso dinheiro, sobre nossos relacionamentos, sobre nossos ministérios, sobre milagres, sobre profecias e sobre muitas outras coisas. Consideramos nossos sintomas de doença como revelações de Deus sobre sua vontade para nós, ou consideramos suas promessas de cura como revelações de Deus sobre sua vontade para nós? Devemos considerar nossas circunstâncias atuais como revelações extrabíblicas da “vontade de Deus” ou aceitamos as revelações bíblicas existentes sobre a vontade de Deus?

A Bíblia descreve a fé de Abraão, uma fé que rejeitou as circunstâncias, mas em vez disso creu na palavra de Deus. Em seguida, diz: “Em consequência, ‘isso lhe foi creditado como justiça’”. No mesmo lugar, a Bíblia diz: “Portanto, ele é o pai de todos os que creem […], a fim de que a justiça fosse creditada também a eles […] que andam nos passos da fé que teve nosso pai Abraão”. Abraão é nosso modelo de fé. Aqueles que andam em suas pegadas de fé são salvos. Este tipo de fé é como qualquer um pode ter a justiça creditada a ele. Ele cria na promessa de Deus contra sua condição física. Ele foi considerado justo por crer na cura. Claro, foi porque ele creu em Deus, mas Deus disse algo sobre a cura. Deus também disse algo sobre a cura para nós, mais do que o que disse a Abraão. Nós cremos? Se esse é o tipo de fé que é creditado com justiça, e se não temos o mesmo tipo de fé, qual é a implicação necessária?

Os falsos mestres afirmam que aceitam a Bíblia como a vontade de Deus, e não manifestações. Eles são mentirosos. Eles rejeitam as manifestações sobrenaturais, mesmo aquelas que concordam com a Bíblia, mas aceitam as manifestações naturais como se fossem revelações da vontade de Deus. Eles permitem que seus pensamentos e suas vidas sejam ditados pelo que acontece com eles e ao seu redor, em vez do que a palavra de Deus lhes diz. Isso não nos força a tirar certas conclusões sobre eles? Nós temos uma escolha?

Suponha que um homem cometa pecado e diga que é a vontade de Deus, e então ele continua nessa direção, quando a Bíblia diz a ele que ele está errado e lhe diz o que fazer em vez disso. Ele rejeita Jesus Cristo, mas diz que isso é porque essa é a vontade de Deus, e então ele continua rejeitando a Cristo, quando a Bíblia lhe diz que ele está errado e lhe diz o que fazer. Como chamaríamos essa pessoa? De fato, reconheceríamos a soberania de Deus e diríamos que tudo aconteceu de acordo com o decreto de Deus, incluindo a incredulidade desse homem. Mas não o chamaríamos de santo. Como chamaríamos essa pessoa? Nós o chamaríamos de réprobo. Ele está destinado ao inferno. Ele rejeitou a palavra de Deus, e seu apelo à soberania divina é a desculpa de um réprobo. Ele poderia até estar correto em termos de metafísica, mas isso não o salva, não é? Seu apelo à soberania divina é apenas uma explicação ontológica de sua reprovação. O fato de ele oferecer uma descrição de sua reprovação não cancela a reprovação.

Agora, suponha que outra pessoa sofra de doença e diga que é a vontade de Deus, e então ela continua nessa direção, quando a Bíblia diz que ela está errada e lhe diz o que fazer. Ela ensina contra receber a cura pela fé em Jesus Cristo, mas diz que a doença acontece pela vontade de Deus, quando a Bíblia diz a ela no que crer e o que ensinar. A Bíblia diz a ela para receber cura pela fé, e que o Pai seria glorificado quando ela receber o que pedir em nome de Jesus. Mas este homem faz o oposto. Ele consagra a doença e a chama de vontade de Deus, e diz a todos como ele sofre para “a glória de Deus”. No entanto, apelar a um princípio ontológico para explicar sua incredulidade não o isenta, mas sim o condena, porque ele está de fato apelando para sua própria reprovação como explicação. Se chamamos a primeira pessoa de réproba, como chamaríamos esta segunda? Um peregrino corajoso? Um teólogo extraordinário? Ou devemos admitir a conclusão óbvia? Você diz: “Há uma diferença! Há uma diferença!”. Sério? Você apostaria sua salvação nisso? Qual é! Vamos parar de nos enganar.

Vincent Cheung. “Would you stake your salvation on it?” Disponível em Trace (2018), pp. 88–90. Tradução: Luan Tavares (21/02/2021).

© Vincent Cheung. A menos que haja outra indicação, as citações bíblicas usadas neste artigo pertencem à BÍBLIA SAGRADA, NOVA VERSÃO INTERNACIONAL ® NVI ® Copyright © 1993, 2000, 2011 de Sociedade Bíblica Internacional. Todos os direitos reservados.

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Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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