Tai Chi e Chi Kung

Vincent Cheung, Doctrine and Obedience (2012).

Os cristãos frequentemente me perguntam se é errado praticar Tai Chi. Eu costumo explicar que ele tem suas raízes no Taoísmo e nas artes marciais, e que tem a ver com a força do “chi” no corpo. Se eles estão cheios do Espírito Santo, por que precisam aprender a controlar essa “energia”? Você tem alguma opinião sobre este assunto?

Quando se trata de artes marciais, é aceitável aprender certas técnicas de combate. Na verdade, às vezes isso é necessário até mesmo para os cristãos, como quando eles são militares, policiais e seguranças. Também é aceitável que os cristãos aprendam técnicas de luta para autodefesa. Podemos fazer várias qualificações, mas isso nos distrairia do ponto principal de sua pergunta. Suponhamos por enquanto que pelo menos às vezes é aceitável aprender certos tipos de técnicas de luta.

No entanto, quando um sistema é mais do que uma forma física e prática de autodefesa, então há problemas. Embora o Tai Chi Chuan possa ser um método de luta rápido, flexível e poderoso, não é apenas um sistema de autodefesa, visto que muitas vezes é praticado por motivos de saúde. Ele consiste em mais do que movimentos físicos, mas muitas vezes é ensinado com o objetivo de aproveitar a força interna e mística “chi” que se baseia em teorias não cristãs de metafísica e antropologia.

O Tai Chi foi desenvolvido deliberadamente por Cheung San Fung como um sistema consistente e uma expressão do Taoísmo. É quase certo que não se pode praticar o Tai Chi sem adotar crenças, movimentos e práticas derivadas da filosofia taoísta e que permanecem inseparavelmente ligadas a ela.

Alguns defensores tentam apresentar o Tai Chi de uma perspectiva científica, a fim de desmistificá-lo e torná-lo atraente para aqueles que, de outra forma, o considerariam esotérico demais. Os mestres de ocultismo já fazem isso há muito tempo, mas não abandonaram a perspectiva mística, de modo que as mesmas crenças e práticas são ensinadas tanto do ponto de vista místico quanto científico, garantindo os dois tipos de seguidores.³

O Tai Chi é inaceitável porque não está apenas vinculado a uma filosofia anticristã em sua origem, mas ainda está vinculado a ela. Além disso, ele busca alcançar paz e saúde sem uma dependência explícita e exclusiva de Jesus Cristo. Assim, ele está em competição com a fé cristã.

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³ Claro, alguns chamariam esses tipos de ensinamentos de “pseudociências”. No entanto, até que sejam desmascarados, essa é uma suposição formada pelo preconceito. Além disso, eu argumentei em outro lugar que todas as ciências empíricas são de fato irracionais, e um tipo de tolice não é essencialmente melhor do que outro tipo de tolice. A abordagem mais racional para o defensor “científico” do Tai Chi é refutar a própria ciência. Veja Vincent Cheung, Ultimate Questions, Presuppositional Confrontations e Captive to Reason.

Vincent Cheung. Doctrine and Obedience (2012), p. 12. Tradução: Luan Tavares (21/05/2021).