Sansão e o Ministério de Equipe
~ Extraído de Vincent Cheung, Samson and His Faith. Notas de rodapé excluídas. ~
Líderes cristãos que baseiam sua confiança no número e na lealdade de seus apoiadores estão enganados. Eles não têm realmente o apoio que pensam ter. Aqueles que depositam sua confiança nas multidões podem ficar desapontados quando o grupo enfrenta pressões, ou quando a organização sofre perseguição. Claro, é possível que algumas pessoas permaneçam fiéis. O ponto é que nem todos os que dizem que permanecerão fiéis de fato permanecerão fiéis. Em última análise, só se pode confiar em Deus, pois só ele é puro em intenção e ilimitado em capacidade: “Assim diz o SENHOR: ‘Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do SENHOR’” (Jeremias 17:5).
Isso não quer dizer que nenhum cristão professo permanecerá fiel a Deus e aos líderes cristãos sob pressão, mas permanece que nem todos os cristãos professos são cristãos genuínos, e como pessoas que nunca passaram pela regeneração espiritual e santificação pelo Espírito, eles podem ser extremamente inconstantes. Por outro lado, uma mente regenerada pelo Espírito e renovada pela Escritura é também aquela que está sendo transformada à semelhança de Cristo, permitindo que alguém seja ousado para defender a verdade em meio à pressão e intimidação. A Escritura ensina que você nunca deve superestimar a si mesmo, e que é certo se testar e examinar seu comprometimento. Use os meios que Deus lhe concedeu para crescer na fé, de modo que quando os testes e provações vierem, você estará pronto para eles.
Sansão estava ciente da fraqueza das pessoas, mas ele tinha confiança suficiente no poder de Deus operando através dele que ele não necessitava da assistência delas. Ele só pediu que eles mesmos não tentassem matá-lo, mas apenas o entregassem aos filisteus:
Disseram-lhe: “Viemos amarrá-lo para entregá-lo aos filisteus”. Sansão disse: “Jurem-me que vocês mesmos não me matarão”. “Certamente que não!”, responderam. “Somente vamos amarrá-lo e entregá-lo nas mãos deles. Não o mataremos.” E o prenderam com duas cordas novas e o fizeram sair da rocha. (Juízes 15:12–13)
Tem havido muita ênfase no “trabalho em equipe” nos últimos anos, e essa ênfase influenciou o pensamento de muitos cristãos, gerando muita hostilidade contra a chamada mentalidade de “cavaleiro solitário”. No entanto, isso realmente depende da qualidade da equipe, de modo que um número maior de pessoas nem sempre se traduz em maior sucesso. A eficácia de qualquer equipe tem muito a ver com a competência e o caráter dos membros da equipe, de modo que um “Sansão” é melhor que um exército de tolos.
Ora, é verdade que Deus geralmente deseja que os cristãos trabalhem juntos, e que cada pessoa tenha algo significativo para contribuir: “Assim, há muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: ‘Não preciso de você!’ Nem a cabeça pode dizer aos pés: ‘Não preciso de vocês!’ Ao contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis” (1 Coríntios 12:20–22).
No entanto, é antibíblico dizer que uma pessoa é sempre insuficiente. Uma insistência no “trabalho em equipe”, sem exceção, vem mais da teoria social e empresarial secular do que da exegese bíblica válida, e mostra pouca confiança na soberania de Deus e no poder do Espírito. Davi disse: “Tu, SENHOR, manténs acesa a minha lâmpada; o meu Deus transforma em luz as minhas trevas. Com o teu auxílio posso atacar uma tropa; com o meu Deus posso transpor muralhas” (Salmo 18:28–29). Em outro lugar, ele escreveu:
SENHOR, muitos são os meus adversários! Muitos se rebelam contra mim! São muitos os que dizem a meu respeito: “Deus nunca o salvará!” Mas tu, SENHOR, és o escudo que me protege; és a minha glória e me fazes andar de cabeça erguida. Ao SENHOR clamo em alta voz, e do seu santo monte ele me responde. Eu me deito e durmo, e torno a acordar, porque é o SENHOR que me sustém. Não me assustam os milhares que me cercam. Levanta-te, SENHOR! Salva-me, Deus meu! Quebra o queixo de todos os meus inimigos; arrebenta os dentes dos ímpios. Do SENHOR vem o livramento. A tua bênção está sobre o teu povo. (Salmo 3:1–8)
Embora Jeremias tenha passado por muitas turbulências internas durante o seu ministério, Deus o havia chamado para enfrentar somente a nação rebelde, e Deus permitiu que ele cumprisse sua missão: “Quando as tuas palavras foram encontradas, eu as comi; elas são a minha alegria e o meu júbilo, pois pertenço a ti, SENHOR Deus dos Exércitos. Jamais me sentei na companhia dos que se divertem, nunca festejei com eles. Sentei-me sozinho, porque a tua mão estava sobre mim e me encheste de indignação” (Jeremias 15:16–17).
Devemos rejeitar toda teoria secular que enfraquece o potencial individual do crente em Cristo, para que possamos imitar a fé de Paulo, que escreveu:
Na minha primeira defesa, ninguém apareceu para me apoiar; todos me abandonaram. Que isso não lhes seja cobrado. Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças, para que por mim a mensagem fosse plenamente proclamada e todos os gentios a ouvissem. E eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de toda obra maligna e me levará a salvo para o seu Reino celestial. A ele seja a glória para todo o sempre. Amém. (2 Timóteo 4:16–18)
Embora todos o tivessem abandonado, bastava que só Deus o apoiasse e o fortalecesse. Ele acreditava que Deus o livraria “de toda obra maligna” e o levaria “a salvo para o seu Reino celestial”.
Podemos dizer com o apóstolo Paulo “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13)? Ou dizemos “Só podemos fazer todas as coisas através do ministério de equipe”? É melhor ter uma pequena equipe composta de gigantes espirituais em vez de ter um grande grupo de covardes espirituais que são psicologicamente dependentes uns dos outros, onde ninguém é verdadeiramente forte. Caso contrário, provavelmente é melhor trabalhar sozinho.
Sansão estava dependendo do poder de Deus, e qualquer outra coisa não poderia salvá-lo. Muitos pregadores dizem que este era precisamente o seu problema — Sansão confiava em Deus e não nas pessoas! Eles dizem que Sansão teria sido melhor se tivesse trabalhado com outras pessoas. Mas o próprio Deus chamou Sansão para trabalhar sozinho. Além disso, aquelas pessoas com quem ele deveria trabalhar eram as mesmas que o haviam entregado aos filisteus. Alguns inferem falsamente da história de Sansão que, se você trabalha sozinho e confia somente em Deus, então você fracassará porque não está trabalhando com outras pessoas. Em vez disso, uma inferência mais apropriada seria que, se você trabalha com pessoas, é melhor confiar em Deus para protegê-lo dessas pessoas. O ponto não é que o “ministério de equipe” seja errado, já que algumas variações do conceito são bíblicas, mas o ponto aqui é que muitas pessoas fazem falsas inferências da vida de Sansão para apoiar suas ideias sobre o “ministério de equipe”.
A disposição de Sansão de enfrentar um exército de filisteus por si mesmo refletia sua fé no poder de Deus, embora sua atitude para com Deus estivesse longe de ser perfeita, como veremos abaixo. No entanto, na medida em que ele confiava no poder de Deus, devemos imitar sua fé e aprender a confiar no poder de Deus no trabalho em nossos ministérios: “Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim” (Colossenses 1:28–29).
Vincent Cheung. Samson and Team Ministry. Disponível em Samson and His Faith (2003), pp. 33–36.Tradução: Luan Tavares (08/02/2019).
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