Romanos 9: Eleição Individual vs. Corporativa
Vincent Cheung, Sermonettes — Volume 6 (2012).
~ Adaptado de correspondência de e-mail ~
Os arminianos tendem a interpretar a eleição de Jacó e Esaú como a escolha do povo de Israel e Edom. Para eles, a passagem significa a eleição de um coletivo e não de indivíduos. Portanto, eles diriam que Romanos 9 não trata da salvação de indivíduos, mas da eleição de Israel como nação.
A interpretação arminiana é impossível, e a resposta está claramente à nossa vista a partir do texto:
[6] Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem todos os descendentes de Israel são Israel. [7] Nem por serem descendentes de Abraão passaram todos a ser filhos de Abraão.
Ao contrário: “Por meio de Isaque a sua descendência será considerada”. [8] Noutras palavras, não são os filhos naturais que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão. [9] Pois foi assim que a promessa foi feita: “No tempo devido virei novamente, e Sara terá um filho”.
[10] E esse não foi o único caso; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo pai, nosso pai Isaque. [11] Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, [12] não por obras, mas por aquele que chama — , foi dito a ela: “O mais velho servirá ao mais novo”. [13] Como está escrito: “Amei Jacó, mas rejeitei Esaú”.¹
O objetivo da passagem é mostrar que a palavra de Deus a Israel não falhou (v. 6). A razão pela qual esta questão surge é porque parece que Deus prometeu salvação a Israel, mas a salvação só está disponível por meio da fé em Jesus Cristo, mas Israel como um todo (a maioria dos indivíduos!) rejeitou a Cristo e, portanto, parece que Israel como um todo não é salvo.
Paulo responde isso imediatamente. A palavra de Deus não falhou: “Pois nem todos os descendentes de Israel são Israel. Nem por serem descendentes de Abraão passaram todos a ser filhos de Abraão” (vv. 6b-7). Agora fique surpreso com o quão ESTÚPIDOS os arminianos são. Paulo considera Israel como um todo quando menciona a questão e, em seguida, chama explicitamente a atenção para os indivíduos dentro de Israel a fim de responder à questão. De fato, a resposta dele depende da fé individual e da eleição individual. Ou seja, a palavra de Deus a Israel não falhou, porque nem todo indivíduo dentro de Israel pertence ao verdadeiro Israel, e nem todo descendente em Israel é filho de Abraão.
Em seguida, ele adiciona duas ilustrações para enfatizar a eleição individual:
Dos vv. 7b-9, Paulo diz que os verdadeiros filhos de Abraão viriam por meio de Isaque. Com isso, ele quer dizer que eles viriam por meio do poder sobrenatural de Deus para cumprir sua promessa, e não por geração natural. “Os filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão” (v. 8b). Deus fez a promessa a Abraão, mas ele distinguiu o indivíduo de Isaque do indivíduo de Ismael. Portanto, sua graça não se aplica aos “filhos de Abraão” em um sentido abrangente e corporativo, mas em um sentido seletivo e individual.
Mas para que não se pense que de Isaque em diante a graça divina é dada em um sentido corporativo sem consideração de indivíduos, Paulo faz o mesmo ponto novamente, desta vez com os filhos de Isaque (v. 10). Dois filhos, até gêmeos, vieram do mesmo pai, mas Deus escolheu amar um e rejeitar² o outro. Como que para enfatizar ainda mais a eleição individual, ele escolheu o mais jovem em vez do mais velho.
Voltando à razão de Paulo para escrever tudo isso em primeiro lugar, seu argumento é inteligível e convincente apenas porque ele afirma a eleição individual e, em certo sentido, até mesmo contra a eleição corporativa. A promessa de Deus a Israel (corporativo) não falhou porque a promessa se aplica apenas a indivíduos escolhidos dentro deste Israel, que podemos chamar de verdadeiro Israel.
Com isso em mente, leia o restante de Romanos 9 e você verá que ele insiste consistentemente no controle de Deus sobre os indivíduos. Novamente, o argumento de Paulo não faria sentido e falharia a menos que fosse isso o que ele pretende.
O argumento arminiano é quase um sinal de rendição. Se tentar fazer disso um ensino de eleição corporativa, então o argumento admite que isso está falando sobre a soberania de Deus na escolha das nações, de modo que as nações não escolhem a si mesmas. O arminiano percebe o ensino da soberania de Deus nisso, mas o redireciona para uma aplicação corporativa. Portanto, se esse redirecionamento for evitado e for mostrado que o texto obviamente se refere a indivíduos, mantemos a admissão arminiana de que ele ensina a eleição e, uma vez que se refere a indivíduos, ele ensina a eleição de indivíduos.
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¹ Nota do Tradutor: “Odiei Esaú”, na versão do autor.
² Nota do Tradutor: Ou “odiar”.
Vincent Cheung. Romans 9: Individual vs. Corporate Election. Disponível em Sermonettes — Volume 6 (2012), pp. 91–92. Tradução: Luan Tavares (23/06/2021).
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