Principalmente a Profecia

Vincent Cheung, “Fulcrum (2017).

As Obras de Vincent Cheung
15 min readMay 16, 2021

Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais,¹ principalmente o dom de profecia. (1 Coríntios 14:1)

O versículo é frequentemente entendido como se Paulo quisesse dizer que prefere a profecia acima de outras habilidades espirituais. Os ministérios inclinados à profecia regozijam-se com isso e usam esse endosso apostólico para incentivar seu movimento. Então, há aqueles que pegam qualquer coisa que possam encontrar para minar o falar em línguas, embora Paulo repetidamente enalteça as línguas no mesmo contexto. É difícil dar sentido a uma aparente preferência exclusiva pela profecia. Isso confunde até mesmo alguns daqueles que têm fé para operar em dons espirituais e que não têm preconceito contra eles. Aqueles que assumem que isto é o que o apóstolo quer dizer e que simplesmente o aceitam, ou não têm aptidão para perceber o problema ou eles próprios preferem a profecia mesmo assim.

Jesus realizou mais milagres de cura do que outros tipos de milagres. Quando ele enviou discípulos, ordenou-lhes que pregassem o evangelho, curassem os doentes, expulsassem os demônios e até ressuscitassem os mortos. Ele não enfatizou a profecia. Quando começou seu ministério, ele anunciou que pregaria o evangelho e curaria os enfermos (Lucas 4:18–19). Embora tenha profetizado, ele não o incluiu em sua constituição ministerial. Quando descreveu seu ministério a João Batista, ele disse que curou os doentes, curou os doentes, curou os doentes, curou os doentes, curou os doentes — ele disse isso cinco vezes de diferentes maneiras — e também disse que pregou o evangelho (Mateus 11:5). Embora ele tenha profetizado, ele não mencionou isso em sua descrição do ministério. Quando Pedro lembrou do ministério de Jesus, ele disse que o Senhor cuidava dos doentes (Atos 10:38) e disse que o Senhor ganhou tal reputação por isso que até mesmo os gentios sabiam (Atos 10:36–37). Embora tenha profetizado, a profecia não foi enfatizada em sua reputação do ministério. A cura estava em sua constituição, descrição e reputação no ministério.

Não devemos destacar a cura para menosprezar a profecia. Jesus foi um profeta e profetizou em seus ensinamentos para os indivíduos e sobre Israel, sobre as nações, sobre a igreja e sobre o futuro do mundo. Ele demonstrou tanto poder profético que se tornou conhecido como profeta mesmo durante seu curto ministério, mas era ainda mais conhecido por seus milagres de cura. Seu ministério foi explicitamente definido ainda mais pela cura do que pela profecia e, certamente, não menos que a profecia. Quando consideramos os ministérios dos apóstolos e outros discípulos, notamos a mesma coisa. Os Evangelhos e Atos não revelam uma preferência pela profecia. Se existe uma preferência, eles favorecem o ministério de cura. Isso é verdade não apenas quando Jesus e os apóstolos estavam pregando para incrédulos e estrangeiros. Muitos dos milagres da cura ocorreram quando as pessoas vieram até eles com fé. Não foi que eles desenvolveram a fé porque receberam milagres de cura, mas eles receberam os milagres de cura porque exerceram a fé. Muitos dos milagres de cura foram dados àqueles que creram e seguiram a Jesus. Por exemplo, Lázaro e suas irmãs eram amigos íntimos do Senhor. De fato, Jesus disse que a cura era pão para os filhos da aliança (Mateus 15:26). Ele disse que os filhos de Abraão deveriam receber a cura (Lucas 13:16) e, claro, nós somos os filhos de Abraão através da fé (Gálatas 3:7). Assim, não podemos afirmar que a cura recebeu destaque porque era uma ferramenta para evangelismo ou para autenticar o evangelho, porque ela recebeu ainda mais destaque entre os crentes.

Novamente, os apóstolos demonstraram um padrão semelhante. Desde o início, Pedro anunciou que os cristãos seriam pessoas proféticas, recebendo visões, sonhos e profecias, e de fato suas experiências proféticas eram constantes (Atos 2:17–18). No entanto, eles eram ainda mais conhecidos por seus milagres de curar os enfermos e expulsar demônios (Atos 8:6–8). As pessoas faziam fila pelas ruas para receber milagres de cura através deles, não para receber profecias pessoais (Atos 5:15). É claro que muitos milagres de cura ocorreram quando eles pregaram a incrédulos e estrangeiros, mas os milagres de cura entre crentes e pessoas privilegiadas eram muito poderosos, se não mais poderosos. Paulo ressuscitou alguém enquanto ele pregava em uma reunião de crentes (Atos 20:9–12). Tiago disse que os milagres de cura devem beneficiar os crentes e não apenas atrair os incrédulos. Ele perguntou aos crentes: “Entre vocês há alguém que está doente?”. Ele disse que os presbíteros da igreja devem orar pelos enfermos pela fé, e o Senhor os curará (Tiago 5:14–15). Por outro lado, quando ele falou àqueles que estão sofrendo, ele lhes deu um ensinamento sobre Jó, sobre o que esse homem finalmente recebeu do Senhor (Tiago 5:11). Deus lhe deu saúde e riqueza, cura e prosperidade (Jó 42:10–17). Sabemos que a profecia, de fato, tem a capacidade de fortalecer e encorajar (1 Coríntios 14:3), mas Tiago ensinou àquele que está sofrendo com a Bíblia, em vez de prescrever profecia de um dos presbíteros da igreja. O ponto é que a Bíblia não coloca a profecia acima de todos os outros dons, e se ela confere qualquer destaque ao ministério de milagres, ela oferece a cura em primeiro lugar.

Voltando a Paulo, o que ele parece dizer em 1 Coríntios 14:1 — o que algumas pessoas pensam que ele quer dizer — não faria sentido mesmo no contexto da carta. Uma razão pela qual ele escreveu isso em primeiro lugar foi para abordar o espírito de divisão e competição na igreja. As pessoas diziam: “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo” e “Eu sou de Pedro” (1:11–12, 3:3–4). Se isso soa familiar, é porque os cristãos nunca pararam de fazer isso. Por quê? Paulo explica que é porque são crianças espirituais (3:1–2). Parece que um dos itens que os dividiram foi como eles entenderam e exercitaram os dons espirituais. O apóstolo declara que, embora existam diferentes tipos de dons, funções e ministérios, eles vêm do mesmo Espírito, do mesmo Senhor e do mesmo Deus. Os cristãos não devem ser divididos por suas diferentes manifestações da graça e do poder de Deus, mas devem ser unidos pela fé comum em Jesus Cristo. Ele compara a congregação a um corpo. É uma unidade, mas é composta de muitas partes. Cada parte é necessária, cada parte tem um papel, e cada parte está relacionada a outras partes, de modo que quando uma parte sofre, cada parte sofre com ela (1 Coríntios 12).

Então Paulo ensina que, mais do que o desejo, o amor é uma maneira mais excelente de operar em dons espirituais (1 Coríntios 13). Um cessacionista que ensina o amor em 1 Coríntios 13 é ainda mais hipócrita do que um ateu que ensina a fé em Hebreus 11. O capítulo não é sobre o amor como tal, mas como o amor se relaciona com os dons espirituais. Você não pode interpretar a Bíblia corretamente se você remover a essência de uma passagem. A Bíblia não sancionará uma teologia que não tem Deus nela. Deus não é um monumento, mas uma pessoa divina viva e atuante (João 5:17). Assim como um ateu que ensina a fé em Hebreus 11 condenaria a si mesmo, visto que o capítulo testifica contra ele (Hebreus 11:6), o cessacionista que ensina o amor de 1 Coríntios 13 se condena, porque o capítulo se refere a um amor que opera em dons espirituais “visando ao bem comum” (1 Coríntios 12:7). É um amor que está prensado entre a unidade do amor (1 Coríntios 12) e a ordem do amor (1 Coríntios 14), o qual — o amor — é a razão ou motivo para operar com dons espirituais (1 Coríntios 13). Portanto, o capítulo testifica contra o cessacionista, mostrando que ele não tem amor, mas que somente odeia a igreja e o evangelho.

O desejo pelos dons espirituais é bom, e Paulo se apressa em afirmá-lo imediatamente depois que ele fala sobre o amor, mas quando os crentes são envolvidos por inveja e divisão, o amor é o que eles precisam aprender. O amor é mais excelente não apenas da perspectiva da moralidade, mas também é superior da perspectiva do ministério. Nossos desejos são estreitos e limitados. Um homem pode desejar um ministério de cura acima de tudo e tem pouco interesse em línguas. Outro pode ser zeloso por falar em línguas, mas não pensa em entregar uma palavra de sabedoria. Ambos ignoram o espetacular dom da fé. O desejo é frequentemente restringido pela nossa autopercepção. Uma pessoa pode ter fé para operar um negócio para a glória de Deus e para sustentar a igreja, mas fica com um medo excessivo quando se trata de curar os doentes. Mas o amor é amplo e forte. O amor estima o coração de Deus e as necessidades dos outros. Aquele que anda em amor deseja dons espirituais, e ele deseja os dons para que ele possa entregar e edificar as pessoas. Portanto, quando ele vê alguém com uma necessidade, não se importaria se ele parece não ter o dom para atender a essa necessidade. O amor expulsa o medo (1 João 4:18). Ele confiaria em Deus e ajudaria essa pessoa de qualquer maneira e, quando o fizesse, descobriria que Deus entra em cena e realiza o trabalho. Uma vez dado, Deus não remove sua graça e, assim, nasce um novo ministério.

Depois de tudo isso, é possível que Paulo de repente favorecesse um dom acima dos outros (1 Coríntios 14:1)? Então ele estraria se envolvendo naquilo que acabou de se opor. Não, não é possível. Ele reteria seu endosso de todas as facções — Paulo, Apolo, Pedro, cura, línguas e assim por diante — apenas para lançar todo o seu apoio a uma facção de profecias? Ele faria uma coisa dessas depois de toda aquela conversa sobre unidade e amor? Não, ele não faria isso. Portanto, é impossível que Paulo pretenda especificar a profecia como o supremo dom espiritual. Ele quer dizer outra coisa pela afirmação e, para entender o que ele quer dizer, precisamos examinar o restante de 1 Coríntios 14. Não é preciso muito. Mesmo uma breve revisão seria suficiente, porque o assunto é óbvio. Leia 1 Coríntios 14. Ao longo do capítulo, Paulo compara profecia e línguas, no processo dando-nos a impressão de que os coríntios tinham um problema com línguas desregradas e não interpretadas na assembleia pública. Visto que os coríntios gostavam de dons de fala (1 Coríntios 1:5), o melhor caminho seria dedicar mais atenção à profecia, de modo que pudessem exercer um dom de falar que fosse sempre inteligível.

Considere a solução do apóstolo. A solução indica o lugar que os dons espirituais devem ocupar na congregação. Ele obviamente considera a divisão e a desordem como questões graves. Mesmo assim, ele nunca sugeriu que os crentes deveriam suspender o exercício dos dons espirituais, nem mesmo como uma medida temporária. E embora pareça haver um problema com o uso desordenado de línguas, ele nunca sugeriu que eles deveriam suspender mesmo este ministério. Em vez disso, ele propõe a profecia. Ele não quer dizer que a profecia é o melhor dom em comparação com todos os outros dons, mas essa profecia é melhor para eles em comparação apenas com línguas, somente na assembleia pública e somente quando não há interpretação. As três condições são cruciais, de modo que o princípio não é válido se alguma delas não se aplicar. A profecia não é superior quando os outros dons estão incluídos. A profecia não é nem mesmo superior às línguas quando saímos da assembleia pública. A profecia não é superior às línguas nem mesmo na assembleia pública quando há uma interpretação.

Esta é a resposta de Paulo em face de um aparente abuso do falar em línguas. Os dons espirituais não devem cessar. A igreja não deve suspender nenhum dom, nem mesmo como uma medida temporária contra o abuso. As habilidades sobrenaturais devem persistir em uma operação ordenada na congregação. Como o apóstolo aborda o abuso dos dons? Ele adiciona mais dons para trazer equilíbrio. Os teólogos gostam de listar os sinais de uma igreja verdadeira. Claro, eles listam os sinais que acham que seu grupo possui. Eles incluem aquilo que podem controlar e falsificar — pregação, sacramentos, disciplina na igreja — , mas excluem aquilo que só Deus pode realizar, de modo que não sejam expostos como fraudes. Como Paulo insistia na operação dos dons espirituais a ponto de não suspender nem mesmo um único dom que foi abusado, a operação dos dons espirituais também deve ser um sinal da verdadeira igreja, sem a qual uma congregação deve ser condenada. Deus opera na verdadeira igreja de maneira evidente, da maneira que a Bíblia promete e prescreve (Atos 2:17–18, 39; Gálatas 3:5; Tiago 5:15; 1 Coríntios 12:7, 11, 27, 14:26). Paulo se recusou a suspender até mesmo um dos dons sobrenaturais, então como pode uma congregação ser uma igreja verdadeira, se não permite nem recebe nenhum dos dons sobrenaturais? Ora, essa sensação de ardência em seu coração, ó tradicionalista, essa crescente indignação, esse ranger de dentes, ó cessacionista, é a percepção de que estou certo — sobre TUDO isso — e que você está em uma falsa denominação e em uma falsa igreja! Icabô na sua cara!

Há uma lição aqui para nós que cremos no evangelho e que operamos os dons espirituais. O princípio é que os ministérios sobrenaturais são tão essenciais que não devemos suspender nem mesmo o dom que é mal utilizado na congregação, mesmo que seja apenas um único dom. Em vez disso, a solução é regular seu uso e aumentar a atenção sobre o que o equilibra. Acrescentamos mais dons, buscamos mais milagres, recebemos mais bênçãos e buscamos mais habilidades e ministérios. Podemos aplicar o princípio a todos os aspectos da igreja. Suponha que uma congregação mantenha um ministério de ensino forte, mas não produziu nenhum neófito em quinze anos. Devemos nos perguntar se o ministério de ensino é tão forte em primeiro lugar, mas vamos deixar isso arquivado por enquanto. A solução seria que esta igreja continuasse seu ministério de ensino e buscasse todos os ministérios, mas principalmente o ministério de evangelismo. Isso não sugeriria que favorecemos mais o evangelismo do que o ensino, ou que pensamos que o evangelismo é superior a todas as outras operações na igreja, mas é o que essa igreja precisa enfatizar. É isso que Paulo pretende ensinar quando diz “principalmente a profecia”.

Vamos falar mais sobre o dom de línguas. O endosso de Paulo à profecia não pode ser usado para minar as línguas de forma alguma, porque no mesmo contexto, o apóstolo repetidamente enaltece o falar em línguas. Ele contrasta a profecia e as línguas porque tem um propósito específico em mente, mas quando examinamos suas afirmações sobre o falar em línguas, descobrimos que ele tem apenas coisas boas a dizer. De fato, o apóstolo parece estar encantado pelo dom de línguas. Ele diz que aquele que fala em línguas profere mistérios a Deus e se edifica (14:2, 4). Ele diz que quando ele ora em uma língua, ele ora no espírito, e então ele vai orar com seu espírito e cantar com seu espírito (14:14–15). Ele diz que quando uma pessoa dá graças a Deus com seu espírito, ele faz bem (14:16–17). A maioria dos cristãos não pode agradecer bem nem mesmo em sua língua nativa, se é que eles agradecem, mas rejeitam uma maneira de oferecer excelentes graças a Deus diretamente de seus espíritos.

Paulo não acaba por aí. Ele agradece a Deus por falar em línguas ainda mais do que os coríntios (14:18). Ele aplica as palavras dos profetas ao falar em línguas (14:21), e diz que as línguas são um sinal para os incrédulos (14:22). É irônico que aqueles que minam línguas, às vezes, usem essa declaração para fazer isso. Eles não percebem que tanto Paulo quanto os coríntios gostam muito do dom de línguas? Eles não percebem que tanto Paulo como os coríntios acreditam muito nos dons espirituais? Isaías estava falando ao Israel apóstata, ou “crentes” que eram realmente “incrédulos” (Isaías 28:11–12), portanto a profecia poderia se aplicar àqueles dentro da igreja. Se essas pessoas se recusarem a crer e operar nos dons espirituais, e se elas minarem o falar em línguas, então elas são os “incrédulos” neste contexto, e a proliferação de falar em línguas no mundo é um sinal de Deus para elas, para condenar sua incredulidade e despertá-las para a verdade. Mas como o profeta disse: “Por meio de homens de outras línguas e por meio de lábios de estrangeiros falarei a este povo, mas, mesmo assim, eles não me ouvirão” (14:21). Fracassados! Mesmo assim, esses “cristãos” e os cessacionistas não ouvirão a Deus. O que é necessário? Aqueles que se apoderam de 1 Coríntios 14 para anular o falar em línguas são especialmente incompetentes e desonestos, e merecem nossa feroz condenação.

Ele diz que o dom de falar em línguas corresponde à profecia mesmo na assembleia pública quando é acompanhada de interpretação (14:5). Ele favorece a profecia somente na assembleia pública e somente quando não há interpretação para as línguas. Se houver interpretação, ambos são equivalentes. Por mais que as pessoas exaltem a fala inteligível à custa das línguas, o falar em línguas imediatamente se eleva ao mesmo nível na assembleia pública quando se trata de interpretação. Portanto, se eles desejam depreciar as línguas, devem primeiro desaprovar a profecia e a pregação, e assim, condenar a si mesmos. Caso contrário, eles abrem espaço para que as línguas recebam a exaltação que recebem quando falam inteligentemente. Paulo espera que um crente venha à igreja com “uma palavra em uma língua ou uma interpretação” (14:26) tanto quanto ele espera que venha com “um salmo, ou uma palavra de instrução” (14:26). De fato, ele antecipa até três mensagens em línguas em uma única reunião (14:27). Ele conclui: “Portanto, meus irmãos, busquem com dedicação o profetizar e não proíbam o falar em línguas” (14:39). De acordo com a sua descrição do falar em línguas, é uma explosão de bênçãos espirituais em uso privado, mas ele diz para permiti-lo mesmo em assembleia pública.

Paulo declara: “Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que estou escrevendo a vocês é mandamento do Senhor. Se ignorar isso, ele mesmo será ignorado” (14:37–38). Tenha em mente o que o apóstolo disse sobre o uso da profecia, o valor das línguas, a participação dos crentes nos milagres, os princípios da ordem da igreja, e assim por diante. Se uma pessoa não aceita o que o apóstolo diz sobre profecia, línguas e dons espirituais como doutrina e ordem de Jesus Cristo, então a igreja não deve oferecer reconhecimento a essa pessoa. O contexto refere-se à assembleia da igreja e ao exercício do ministério, por isso, embora se refira à profecia, línguas e assim por diante, também se relaciona com os ministérios de adoração e instrução (14:26). Em outras palavras, alguém que não aceita o que declaramos acima sobre profecia, línguas e dons espirituais não tem nenhuma base bíblica para esperar qualquer reconhecimento na igreja por qualquer ministério público. Ele não deve ter permissão para pregar como pastor ou ensinar como mestre. Os cristãos não devem oferecer-lhe reconhecimento. A igreja não deve aceitá-lo, empregá-lo, ordená-lo, graduá-lo, publicá-lo ou ouvi-lo. A igreja e o seminário pertencem à esfera pública. Assim, se um pastor declara que a profecia e os outros dons espirituais já cessaram, ele deve ser excomungado e removido de qualquer reconhecimento público. Se um mestre ensina o cessacionismo, ou algo contra curar o doente ou o falar em línguas, ele deve ser demitido de sua posição, e qualquer grau acadêmico deve ser revogado. Os cristãos devem retirar o reconhecimento público dele. Este é um mandamento direto do apóstolo Paulo e de Cristo, o Senhor.

E as igrejas e seminários? E os seus credos? E as suas denominações? Se eles estão contra Cristo sobre isso, eles não têm mais nenhuma base para existir. Como os fariseus, eles recorrem à aprovação mútua. Eles conferem honra uns aos outros e chamam uns aos outros ortodoxos. Eles ordenam um ao outro, mas eles não têm unção do Espírito. Eles atribuem sua existência à providência divina, mas todo o seu sistema consiste em se exaltarem mutualmente. É claro que seus credos são ortodoxos — seus teólogos dizem isso! É claro que seus teólogos são ortodoxos — seus seminários dizem isso! É claro que seus seminários são ortodoxos — suas denominações dizem isso! E é claro que suas denominações são ortodoxas — seus credos dizem isso! É assim que eles mantêm tudo em suas tradições. Como Deus disse: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:13 ARC). Só em sua própria terra é que um profeta não tem honra. O próprio Paulo enfrentou desprezo do povo de sua geração. Todos os reformadores em seus tempos são hereges para algumas pessoas. Se eles discordarem de qualquer coisa que eu disser, espere aproximadamente cem anos. Talvez até então fosse explicado pela providência divina, e seria o padrão da ortodoxia. Talvez até então seus filhos fossem meus principais defensores, e afirmariam que eles me apoiaram desde o começo! Deus é irrelevante para eles. A Escritura não tem nada a ver com isso. A tradição é o deus deles. A história é a ortodoxia deles. Por quê? Eles são pecadores e são estúpidos.

Considerando o veredicto de Paulo sobre o assunto, eu fui até indesculpavelmente tolerante em relação aos cessacionistas e aos “incrédulos” sobre o que a Escritura ensina sobre dons espirituais e nossa participação nos milagres. Embora minha abordagem tenha sido criticada como abusiva, a verdade é que ofereci a essas pessoas excessiva cortesia e não fui suficientemente implacável com elas. E você? Você é um daqueles idiotas inúteis que se queixam de que eu fui muito severo e que discuto esses assuntos com indiferença hipócrita, quando você deveria estar fazendo sua parte para demolir a oposição pelo mandamento do Senhor? Você não vai mudar, vai? Por quê? Você é um falso religioso. Você deseja acreditar em suas próprias ideias e viver seus próprios objetivos em nome da religião. Você honra a Deus com seus lábios, mas em seu coração está longe dele. Você nunca aceitou as doutrinas de Cristo, mas apenas as tradições dos homens. Por outro lado, se realmente crermos no evangelho de Jesus Cristo, então vamos buscar todos os dons em amor, principalmente aqueles que aumentam nossa utilidade, principalmente aqueles que edificam mais pessoas em nosso contexto, e principalmente aquelas que aprimoram nosso equilíbrio espiritual, para que possamos estar preparados para a obra do ministério, para edificar o corpo de Cristo, até que alcancemos toda a medida da plenitude de Cristo.

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¹ Nota do Tradutor: “Desejem ansiosamente os dons espirituais”, na versão do autor (NIV).

Vincent Cheung. Especially Prophecy. Disponível em Fulcrum (2017), pp. 20–26. Tradução: Luan Tavares (23/07/2019).

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Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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