Predestinação e Milagres

As Obras de Vincent Cheung
21 min readJun 13, 2020

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Jesus disse aos seus discípulos: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi” (João 15:16). A Bíblia ensina uma doutrina de eleição, ou predestinação. Antes de nos tornarmos cristãos, éramos pecadores e ímpios de corpo e alma, de modo que em nós mesmos era impossível nos voltarmos em direção à justiça. Era impossível para nós escolhermos qualquer bem espiritual. Se fôssemos nos converter do mal para o bem, alguma outra força fora de nós teria que nos transformar. Quando aceitamos o evangelho e decidimos seguir a Cristo, foi porque Deus havia, em primeiro lugar, nos escolhido antes da criação do mundo. Se você pensa que realmente fez uma escolha de seguir a Cristo, está correto, mas sua escolha foi um efeito da escolha anterior de Deus. A aceitação de Deus por você não foi um efeito de sua escolha, mas sua aceitação de Cristo foi um efeito da escolha de Deus, uma escolha que aconteceu muito antes de você ser criado. Como João disse: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”. E depois acrescentou: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. É claro amamos a Deus, ou ainda seríamos não salvos, mas o amamos porque ele nos amou primeiro e nos salvou. Essa é a doutrina da eleição.

Isto não é o ponto final dessa doutrina. A predestinação é para mais do que a simples salvação, ou para dizer mais precisamente, a salvação envolve mais do que o mero perdão dos pecados e a promessa do céu. A salvação em Cristo é um pacote completo de bênçãos e responsabilidades. Não quero dizer que você precise alcançar essas bênçãos e responsabilidades para alcançar a salvação. Não, eu quero dizer que, quando você recebe a salvação, essas bênçãos e responsabilidades também vêm com ela. Portanto, não é que você precise alcançar o céu para ser salvo, mas que, porque você é salvo pela fé em Cristo, alcançará o céu. E se você não alcança o céu quando morre, mas cai direto no inferno, isso significa que nunca foi salvo. Isso é simples, mas é importante ter isso em mente, porque as pessoas tendem a parar de pensar dessa maneira quando abordam tópicos com os quais são tendenciosas.

Deus nos escolheu e nos predestinou. Predestinou para quê? Houve mais a respeito do que Jesus disse: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome”. Deus nos predestinou para dar frutos. O que é esse fruto? O ensino cristão geralmente pressupõe que o fruto se refere a efeitos espirituais e éticos, como melhorias no caráter, obras de caridade e também obras do ministério, tal como salvar pecadores e construir igrejas. Isso não está totalmente errado, mas a ideia bíblica de fruto inclui muito mais, e Jesus claramente tinha outras coisas em mente quando fez a declaração.

Até mesmo no mesmo versículo, podemos ver que Jesus tinha em mente não apenas obras de pregação e caridade, porque ele disse que seus seguidores produziriam frutos e que “meu Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome”. Vida e ministério evangélicos são caracterizados por respostas às orações. Que tipos de orações? Espere, isso é mais fraco do que a maneira que Jesus disse isso. A doutrina da oração na incredulidade histórica é que “Deus responderá às suas orações se for a vontade dele (independentemente do que ele prometeu). Ou, você pode dizer que ele sempre responde às suas orações — às vezes ele diz sim, às vezes não, às vezes talvez, às vezes mais tarde. Ou, quando você pede ovo, ele lhe dá um escorpião, de modo que, quando você pede crescimento espiritual, ele lhe dá câncer para lhe ensinar uma lição”. Entre nós, nunca aceitamos esse entendimento sobre oração. Nós o reconhecemos como engano satânico. Mas Jesus nem mesmo disse: “Deus responderá às suas orações” ou “Deus sempre responderá às suas orações”. Ele disse: “Deus dará tudo o que vocês pedirem”. É assim que Deus quer que pensemos sobre nosso relacionamento com ele. É assim que ele quer que pensemos sobre discipulado. É assim que ele quer que pensemos sobre fé e oração. Deus me dará o que eu pedir quando me aproximar dele em nome de Jesus. Não é necessário se esconder por de atrás de mil qualificações. Não existe escusas para mim ou para ele.

Deus me dará o que eu pedir. Eu receberei o que eu pedir. O que eu peço, eu recebo. E eu estou predestinado para isso. Então, sou escolhido para receber o que eu pedir. Estou predestinado a receber o que eu pedir. Meu destino predeterminado é receber o que eu pedir a Deus em nome de Jesus. Se você nunca ouviu isso, então você nunca ouviu a doutrina bíblica da predestinação, nunca ouviu a doutrina bíblica da oração, nunca ouviu a doutrina bíblica do nome de Jesus e nunca ouviu a doutrina bíblica do discipulado. Apenas alguns versículos antes, Jesus disse: “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos” (15:7–8). Receber o que pedimos a Deus está entrelaçado em todo o seu discurso com as noções de dar frutos, de ser seus discípulos e amar uns aos outros. Assim, receber o que pedimos a Deus é tão difundido quanto o próprio evangelho. Não pode ser retirado e jogado fora sem que se destrua todo o evangelho e, portanto, também a nossa salvação. Aqui, dar frutos é quase a mesma coisa que receber o que pedimos a Deus, e, ao receber o que pedimos a Deus, mostramos que somos discípulos verdadeiros de Cristo.

A tradição ensina que mostramos que somos discípulos quando demonstramos quão bem toleramos Deus quando ele não responde às nossas orações. A incredulidade histórica sugere que mostramos que somos discípulos quando mantemos nossa palavra de lealdade a ele mais do que ele mantém sua palavra de bênção para nós! Dizem que isso deve ser bom fruto. Dizem que isso é um verdadeiro discipulado. Mas Jesus disse que mostramos ser seus verdadeiros discípulos quando permanecemos nele, temos suas palavras em nós e depois pedimos o que desejamos e recebemos o que pedimos de Deus. Veja, somos discípulos ou não? Se somos discípulos, devemos deixar o mestre definir o que significa ser discípulos. As pessoas dizem que mostramos que somos discípulos permanecendo fiéis quando não recebemos o que queremos de Deus — quando ele nos desaponta e parece quebrar suas promessas. Mas Jesus disse que mostramos que somos discípulos pedindo o que queremos e recebendo o que queremos. Decida. Aceite o que Jesus disse e seja cristão, ou rejeite o que Jesus disse e saia pela porta. Saia! E pare de se chamar de cristão.

Eu falo aos de fora, é claro, porque essa doutrina de Jesus sempre foi aceita entre nós, que possamos ter o que queremos de Deus mediante a fé. Os de fora sempre dizem: “Mas, e o abuso?” Que abuso? Jesus disse alguma coisa sobre abuso? Ou você é mais ortodoxo do que ele, ou mais inteligente do que ele, para saber algo que ele não sabia? Se você afirma ser seu discípulo, então cale a boca e obedeça ao seu mestre. De qualquer forma, devemos tentar fazer proezas de fé tão extremas e exorbitantes que elas ousam até mesmo além de “qualquer coisa” antes de começarmos a pensar sobre abuso. No momento, qualquer conversa sobre “abuso” é apenas uma desculpa para nem sequer começar, para não acreditar nem mesmo um pouco do que Jesus disse.

Ainda assim, que tipo de oração Jesus tinha em mente? Ou, o que ele queria que seus discípulos pedissem a Deus para fazer por eles? Ele disse: “Deus dará tudo o que vocês pedirem”. O que era o “tudo o que” que ele estava pensando? É claro que “tudo o que” poderia incluir mais do que ele tinha em mente; mas se ele tivesse algo específico em mente, devemos saber sobre isso e investir tudo nisso primeiro. E, de fato, o contexto deixa muito claro o que ele estava falando.

No início do discurso, Jesus disse: “As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Pelo contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa da evidência dos mesmos milagres” (14:10–11 NIV). A palavra é traduzida como “obras” em algumas versões, e a versão que usamos oferece o significado correto como “milagres”. Sabemos que as “obras” não podem se referir à sua pregação, porque ele apenas disse: “As palavras que eu lhes digo… creiam em mim quando digo… ou então creiam por causa das obras”. Ou seja, ele disse: “Quero que vocês creiam em minhas palavras, mas, se não, pelo menos creiam em minhas obras”. Ele fez uma distinção entre suas palavras e suas obras. Se vocês não creem por causa desta coisa, então creiam por causa da outra coisa. Assim, por meio de suas obras, ele não quis dizer suas palavras, ou seu ministério de pregação, mas sim seu ministério de milagres. Posteriormente, no discurso, Jesus disse: “Se eu não tivesse vindo e lhes falado…” (15:22), se referindo aos seus sermões, e depois ele disse: “Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez” (15:24), se referindo a seus milagres. Ele novamente fez uma distinção entre seu ministério de pregação e seu ministério de milagres. Não é uma questão de ênfase, mas, neste contexto, suas “obras” se referem apenas aos seus milagres, e excluem seu ministério em doutrina e caridade.

Ele continuou: “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho” (14:12–14). Novamente, ele não incluiu ações ou eventos relacionados a suas palavras, tal como pregar. E ele não incluiu ações ou eventos relacionados à caridade, porque ele acrescentou que essas obras se referem a coisas que os discípulos “pediriam” para que acontecesse, e que esperariam que o próprio Deus realizasse quando pedissem em nome de Jesus.

Portanto, Jesus disse que qualquer pessoa que tenha fé nele pode realizar os mesmos milagres e milagres ainda maiores. Ele fixou seu próprio nome nesta garantia: “E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho”. Alguns cristãos continuam murmurando como um mantra: “Para a glória de Deus, para a glória de Deus”, porém são cessacionistas. Como Deus é glorificado? Jesus disse que é glorificado quando realizamos os mesmos milagres que ele realizou e milagres ainda maiores pelo poder do Pai, e em nome de Jesus. Receber o que pedimos a Deus é o que significa ser cristão, Deus glorificando a si próprio ao nos dar o que pedimos. Isso não é um aspecto opcional ou dispensacional do discipulado, porque, de acordo com Jesus, isso é discipulado — obter o que queremos de Deus, e especialmente milagres, em nome de Jesus.

Em seguida, ele imediatamente disse: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” (14:15). O que ele ordenou agora há pouco? Façam os mesmos milagres, façam milagres maiores, glorifiquem o Pai pedindo “tudo o que vocês pedirem”, especialmente milagres. Ora, se alguém se recusa a realizar milagres, se recusa a mesmo tentar, e até mesmo fala contra isso, quem tem autoridade para dizer que tal pessoa ama a Jesus? Se você ousar, vá em frente. Eu certamente não tenho a ousadia de dizer coisas melhores sobre alguém do que Jesus disse. Se Jesus disse que alguém não o ama, confesso que sou totalmente incapaz de contradizê-lo. Não tenho essa autoridade nem arrogância para desafiar Cristo na sua face. E certamente não sou estúpido o suficiente para insistir que tal pessoa o ama.

Nós nos limitamos a João 14 e 15, e nos restringimos a apenas alguns temas. Mas Jesus continuou falando sobre isso, de modo que, em 16:23–24, ainda o ouvimos dizer: “Naquele dia vocês não me perguntarão mais nada. Eu lhes asseguro que meu Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa”. Quando algo é repetido tantas vezes e com tanta ênfase, muitos credos teriam dedicado seções inteiras a este algo. De fato, os credos incluiriam doutrinas baseadas em apenas algumas passagens bíblicas, às vezes em apenas uma só, e às vezes até mesmo quando não há nenhuma! E mesmo aquelas passagens que os credos incluem são muitas vezes distorcidas, a fim de promover suas doutrinas e tradições criadas pelo homem. Certos itens que têm muito menos base bíblica são afirmados como sendo testes de ortodoxia. No entanto, não ouvimos nada sobre o que Jesus ordenou nos credos. Nada! Não ouvimos nada sobre pedir e receber os milagres que queremos de Deus em nome de Jesus. Não ouvimos nada sobre ver isso como sendo fruto da fé, como evidência do discipulado e como caminho para glorificar a Deus. É direta e explicitamente declarado como sendo o teste da ortodoxia, e como alguém poderia reconhecer os verdadeiros discípulos (João 15:7–8). Contudo não ouvimos nada sobre isso. Se o tópico é mencionado, é mencionado como sendo uma negação oficial, que este cessou, ou está errado, ou algo assim. Por quê? Como Jesus disse: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”.

Tudo isso é para dizer que, de acordo com Jesus, se você foi escolhido para a salvação, foi escolhido para realizar os mesmos milagres que Jesus realizou, e milagres ainda maiores, para que o Pai seja glorificado pelo nome de Jesus. Se você é cristão, esse é o propósito da sua vida. Se você não prega isso, então não conhece a predestinação. Você pode muito bem ser um arminiano. Um arminiano que acredita nas promessas de Deus é muito melhor do que um calvinista que nega as promessas de Deus, que apela à “vontade de Deus” contra a palavra de Deus e se recusa a permitir que Deus cumpra sua palavra. Este é o pior tipo de herege. Isso é teologia deformada. Isso é teologia antialiança. Apesar disso, os calvinistas têm orgulho de ser cessacionistas, quando deveriam ter vergonha e temor.

Qual é melhor? Um calvinista que afirma acreditar na predestinação, porém que se recusa a obedecer a Cristo e se recusa a dar frutos e fazer milagres, ou um pentecostal que não acredita ou não entende a predestinação, mas que obedece a Cristo e que dá frutos e faz milagres? O pentecostal deve se convencer pela doutrina bíblica da predestinação quando lhe é explicada, mas mesmo em sua ignorância ele está agora anos-luz à frente. Ele está vivendo o propósito de sua vida. O calvinista pode gostar de falar sobre predestinação, mas se em doutrina e ação ele não se encaixa na descrição de alguém que foi escolhido para a vida, então não temos fundamento para crer que ele é um dos escolhidos. O calvinista tem uma compreensão medíocre da predestinação, em primeiro lugar. Mesmo nas áreas em que ele parece concordar com a Escritura mais do que outras pessoas, suas formulações doutrinárias são incompetentes e paradoxais. Ele é absurdamente fraco onde é o mais forte. Somado com o fato de que o calvinista se recusa a aceitar o que Jesus disse que somos predestinados a fazer e nos tornar, isso significa que ele nem sequer acredita na predestinação bíblica. O calvinista que também é cessacionista não acredita em predestinação assim como um pentecostal que é um arminiano. Ele é apenas mais hipócrita e desobediente.

Por meio da autoridade suprema de Jesus Cristo, eu repreendo toda doutrina, todo credo, toda igreja, toda denominação, todo teólogo e toda outra coisa, pessoa ou instituição que defende a doutrina da soberania divina, eleição, reprovação ou predestinação, porém, ao mesmo tempo, defende cessacionismo, ou, de qualquer outra forma e mediante qualquer outra doutrina ou política, fracassa em também não defender a doutrina de que qualquer pessoa que tem fé em Cristo deve realizar os mesmos milagres que ele realizou, e milagres ainda maiores, como sendo uma questão de fé comum, fruto espiritual, discipulado e obediência.

Eu ordeno que cada um se arrependa em público, e ou revogue ou revise todos os credos, doutrinas, políticas, credenciais e instituições históricas e atuais que continuam a permitir ou apoiar tal resistência flagrante às promessas e mandamentos diretos de Cristo. Aqui é onde minhas responsabilidades terminam com todos aqueles que se enquadram na declaração. Não os posso forçar a mudar, mas é meu dever testemunhar contra eles, para que Deus os confirme em sua desobediência e multiplique sua culpa, ou então os desvie de sua iniquidade e destruição por seu Espírito. Quanto mais eles declaram conhecer a palavra de Deus, mais declaram defender a fé, mais declaram apoiar a Escritura, contudo persistem em sua incredulidade e desobediência, mais se condenam.

Um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo não é predestinado a crer na mera ideia de predestinação, mas sim é predestinado a crer no que a Escritura diz que somos predestinados a produzir o que a Escritura diz que somos predestinados para fazer — dar frutos, receber de Deus e fazer milagres. Em nosso ministério, não transformamos as pessoas em calvinistas e pentecostais. Valorizamos demais o evangelho e nossa obra para buscarmos algo tão completamente idiota. Mas fazemos discípulos para Jesus Cristo. Não aceitamos teorias estúpidas dos homens e cuspimos em suas regras e rituais idiotas, em seus rótulos e tradições idiotas. Novamente, não é que eles sejam suficientes como um ativo ou uma ameaça para merecer muita atenção, mas valorizamos muito o evangelho e nossa obra de modo a permitir que meros homens controlem nossa doutrina, nossa missão e nossa consciência. Seremos tudo o que Jesus disse que deveríamos ser, e teremos tudo o que ele disse que deveríamos ter. Quem tenta roubar de nós qualquer coisa do evangelho, pode queimar no inferno. Eles não precisam perecer — eles podem crer em Jesus Cristo. Mas se eles querem desobedecer a Cristo, eles desobedecerão a Cristo. E se eles querem queimar no inferno, eles podem queimar no inferno.

(Às vezes, os rótulos são convenientes, de modo que, por exemplo, se algumas pessoas desejam nos chamar de calvinistas, pentecostais ou carismáticos, ou qualquer outra coisa, nem sempre podemos negar isso. No entanto, esses são, na melhor das hipóteses, apelidos, mas não identidades. Aqui é onde os tradicionalistas erram. Eles adotam e valorizam essas coisas como suas identidades, e então os defendem como se defendessem suas próprias vidas. Ora, eles não são mais discípulos de Cristo, mas sim seguidores de homens. Quando os rótulos levam a limitações e mal-entendidos e idolatria, como costumam fazer, é melhor limitar seu uso ou os descartar. Portanto, às vezes toleramos apelidos quando falamos aos de fora, mas, entre nós, tendemos desprezá-los).

Nenhum cessacionista está qualificado para ensinar a predestinação. Isto é como alguém que rejeita a expiação não está qualificado para praticar evangelismo. Ninguém que crê em menos do que todas as coisas maravilhosas que Deus predestinou para nós deve falar uma palavra sobre a predestinação. A doutrina da predestinação de tal pessoa sempre se tornará uma distorção e um desvio de direção. Independentemente de qual rótulo ela se chama, e sabemos que as pessoas amam tanto seus rótulos, tal pessoa é inimiga da doutrina e inimiga do evangelho. A mesma coisa se aplica a qualquer pessoa que afirme crer nessas coisas apenas no papel, mas se recusa a defender e ensinar o que Jesus disse sobre as mesmas obras e obras maiores, e se recusa a agir pedindo e recebendo milagres de Deus em nome de Jesus, mesmo quando as ocasiões adequadas surgem diante dela. Chamar a si mesmo de pentecostal ou de carismático é tão tolo e inútil quanto se chamar de calvinista, quando, seja lá o que você se chamar, você não crer ou não obedece à palavra de Deus. Tudo isso nada mais é do que uma pose religiosa. Nada mais é do que arrogância piedosa. Não há fé, ação ou poder por trás disso.

A Bíblia ensina predestinação, e a predestinação garante milagres pelo evangelho. Portanto, a doutrina bíblica da predestinação deve garantir milagres. Se isso é negado, então não é a doutrina bíblica da predestinação. Para ilustrar, Paulo escreveu que aqueles que Deus de antemão conheceu, também predestinou, e aqueles que predestinou, também chamou, e aqueles que chamou também justificou e aqueles que justificou também glorificou. Se você tem uma coisa, você também tem a próxima, e se você tem uma coisa, você também tem a restante. Você não pode dizer: “Estou predestinado a ser justificado por Deus, mas não predestinado a ser glorificado”. Não, há um só decreto e uma só doutrina. Estas são uma só, assim como Deus é um só. Você não pode amar o Pai e odiar o Filho, mas quem tem o Filho também tem o Pai. Se você não é predestinado para ser glorificado, então você não é predestinado para ser justificado. Você não pode dizer que apenas os apóstolos foram predestinados para serem glorificados, e é suficiente que você seja justificado. E você não pode dizer que a justificação deixou de existir depois dos apóstolos ou depois do primeiro século, mas que pularia a justificação e passaria direto à glorificação. Não, há um só decreto de eleição e uma só doutrina de predestinação. Você tem tudo o que pertence à predestinação ou você não tem nada disso.

Da mesma forma, você não pode dizer que está predestinado para a justificação, mas não está predestinado para milagres. Você não pode rejeitar a predestinação ao ministério de milagres sem renunciar a toda outra coisa que pertença à predestinação, inclusive sua conversão e justificação. Não há base bíblica ou método lógico para remover cirurgicamente essa parte específica da salvação. Esta é uma só com o evangelho, de modo que não é realmente uma parte, mas é tão boa quanto o todo. Você não pode cortar o braço direito de Cristo, arrancar seus olhos, cortar suas pernas e decidir ficar com o restante dele, e ainda se considerar seu discípulo ou até mesmo um herói espiritual, um defensor da fé. Você não pode fazer de Cristo um monstro e esperar escapar ileso. Cristo é um. Se você cortar parte dele, você será cortado dele. Você não pode ter um Cristo modular. Se você rejeitar parte dele, você perde tudo dele.

Esqueça os dons espirituais. O que isso tem a ver com o que estamos falando? Jesus disse que qualquer pessoa que tenha fé pode fazer os mesmos milagres que ele fez e milagres ainda maiores, porque receberá tudo o que pedir a Deus (João 14:12–14), e ele disse que isso tem a ver com frutos, não com dons (João 15:7–8, 16). Portanto, não estou pensando em nenhum dom espiritual. Eu estou falando sobre fruto espiritual. Estou falando do fruto do discipulado comum. Estou falando sobre o que acontece naturalmente quando qualquer pessoa permanece em Cristo e tem suas palavras habitando nele. Estou falando de obedecer a Jesus, quem nos disse para fazer os mesmos milagres que ele fez, e milagres ainda maiores. Estou falando de pedir o que eu quiser de Deus Pai, para que ele seja glorificado pelo nome de Jesus. Que todos os dons cessem, e isso não mudaria nada. Eu estou falando sobre predestinação. Deus me escolheu e me designou para dar fruto, fruto que perdurará, para que, qualquer coisa que eu pedir ao Pai, ele me dará. Com isso, eu me mostro ser discípulo de Cristo, e o Pai será glorificado no nome dele. O fruto do discipulado não cessou. O Deus que se glorifica não cessou. O nome de Jesus não cessou. Meu amor por Cristo não cessou, de modo que eu obedeço aos seus mandamentos de realizar os mesmos milagres e milagres maiores, e para que Deus se glorifique ao me dar o que eu pedir.

Se o fruto do discipulado cessou, então o próprio discipulado cessou, e isso significa que ninguém pode ser um discípulo de Cristo, e isso, por sua vez, significa que ninguém pode ser salvo e todos queimarão no inferno. Mas se alguém ainda pode ser salvo pela fé em Cristo, então essa pessoa pode ser seu discípulo, e o fruto do discipulado é que o homem realizará as mesmas obras que Jesus realizou, e ainda obras maiores, e que Deus será glorificado ao dar a ele o que ele o que ele pedir em nome de Jesus. Este é o evangelho, e há apenas um evangelho. Quem rejeita isso também rejeita o evangelho, e também rejeita Jesus Cristo e a salvação. Estou repetindo isso de várias maneiras, e faço isso porque é realmente tão direto e inegável quanto parece, e não há uma versão fantasiosa disso, a menos que desejemos obscurecer o ensino e suprimi-lo. Nós repetimos o que Jesus disse de várias maneiras, e muitas pessoas ainda não entendem isso. Isso não “combina” com eles. E eles ainda não conseguirão entender isso, porque eles não querem entender. Os hipócritas religiosos continuam falando sobre a soberania de Deus, mas não respeitarão sua decisão. Eles não crerão nas suas palavras nem obedecerão aos seus mandamentos. Não há salvação à la carte. Não cabe a você decidir se há cura e prosperidade proveniente de Deus pela fé. Não cabe a você decidir se isso cessou ou se continua. Não cabe a você decidir se Jesus quis dizer o que disse. Não cabe a você decidir se é possível que homens e mulheres que creem em Cristo realizem os mesmos milagres e milagres ainda maiores. E não depende de você — graças a Deus, não depende de você! — decidir o que o restante de nós pode pensar ou fazer. Porque amamos a Cristo, faremos o que ele disse. Se você se recusar a fazer o que ele disse, se você se recusar a ensinar o que ele disse, ou se você falar contra o que ele disse — se você fizer isso — então todos nós sabemos o que você é.

Se alguém alega amar a Jesus Cristo, então mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 14:11–15). Se alguém afirma estar em Jesus Cristo, então mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:7–8). Se alguém afirma que as palavras de Cristo habitam nele, então mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:7–8). Se alguém alega dar fruto para Deus, então mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:8, 16). Se alguém alega trazer glória a Deus, então mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 14:13, 15:8). Se alguém afirma ser escolhido por Deus, então mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:16). Mas se alguém não pede e obtém milagres de Deus, se ele se recusa a tentar, e se ele fala contra isso, então, de acordo com as palavras de Cristo, essa pessoa não ama a Cristo, não permanece em Cristo, não tem em si as palavras de Cristo, não dá frutos a Deus, não traz glória a Deus e ele não é escolhido por Deus.

Todos os argumentos são fúteis. Esse alguém está condenado pelo menos seis vezes em um só trecho curto da Escritura. Se ele ensina a predestinação, ele está condenado mais uma vez por sua hipocrisia. Ele adota uma ideia vazia de um decreto eterno, porém rejeita o conteúdo do decreto eterno. A predestinação não é algo para se brincar assim. Ela vai esmagá-lo como um inseto. Ao falar sobre predestinação, ele mostra que tem consciência da doutrina, mas depois negando o que a predestinação inevitavelmente implica e produz, ele testemunha contra si mesmo e amaldiçoa sua própria alma. É como se ele anuncia a si próprio como sendo um réprobo, predestinado ao fogo do inferno.

Para aqueles de nós que creem, a predestinação é boa nova. A fé em nossos corações é evidência de que fomos escolhidos para a salvação, predestinados para bênção e grandeza. Fomos ordenados de antemão a seguir a Cristo, a permanecer nele e ter suas palavras mantidas em nós, de modo que possamos pedir tudo o que queremos, e isso será feito para nós. Como ele disse: “Pedirão o que quiserem”. Não importa o que a Bíblia diz, alguns de vocês sempre irão retorquir: “Sim, mas apenas se for a vontade de Deus”. Hum… não, ele fez questão de dizer: “Pedirão o que QUISEREM”. Ele deliberadamente disse: “Pedirão o que vocês desejam”. Jesus poderia ter dito “a vontade de Deus” quantas vezes ele quisesse. Se ele quisesse dizer “a vontade de Deus”, ele teria dito “a vontade de Deus”. A vontade de Deus é que você peça o que “quiser” ou o que “deseja”.

Se você insiste sobre a “vontade de Deus” nesse contexto, você muda a palavra de Deus e expõe a si mesmo como sendo réprobo. Mas você ainda perde, porque Jesus lhe disse a vontade de Deus. Ele lhe mandou pedir e receber os mesmos milagres que ele realizou, e milagres ainda maiores. A Bíblia diz isso diretamente na sua cara. Por que você se recusa a fazer isso? Por que você se recusa a pedir pela vontade de Deus, seu hipócrita? Você anda por aí dizendo: “A vontade de Deus, a vontade de Deus”. Você anda por aí defendendo a doutrina da soberania divina e atacando as pessoas que não creem como você. Você é tão orgulhoso da sua resolução que, acrescentando ao nome do próprio Cristo, você se nomeia à moda dos homens que estavam associados à doutrina. Mas quando a Bíblia lhe diz qual é a vontade de Deus, você a rejeita. E quando alguém pede pela vontade de Deus ou ensina a vontade de Deus, você a proíbe. Percebe? Você nunca se importou com a vontade de Deus. Na verdade, você sempre foi muitíssimo contra ela.

A predestinação é boa nova para aqueles de nós que creem no evangelho, não para aqueles que fingem crer, mas para aqueles que realmente creem. Fomos ordenados de antemão a dar muito fruto, fruto que permanecerá. Fomos ordenados de antemão a ter fé em Deus e amor a Cristo, para que obedeçamos a todos os seus mandamentos. Fomos ordenados de antemão a realizar os mesmos milagres que Jesus realizou, e milagres ainda maiores, porque ele prometeu: “O que vocês pedirem em meu nome, eu farei”. Fomos ordenados de antemão a recebermos respostas as nossas orações — não apenas chavões vazios e providências vagas, mas sim manifestações sobrenaturais exatamente do que queremos e do que pedimos. Isso é o nosso destino. Você está predestinado a experimentar sucesso na obra de cura e profecia. Você está predestinado a impor as mãos sobre os doentes e vê-los se recuperar. Você está predestinado a receber visões e sonhos, línguas e interpretações, e todo tipo de sinais e maravilhas em nome de Jesus. Então, como está escrito: “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós”. E é assim que usamos a doutrina da soberania divina. Deus nos dará tudo o que pedimos em nome de Jesus, e porque ele é soberano, ele fará “infinitamente mais” do que aquilo que pedimos, e ainda mais do que aquilo que podemos pensar ou imaginar.

Vincent Cheung. Predestination and Miracles. Disponível em Trace, pp. 73–81. Tradução: Luan Tavares (01/05/2020).

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Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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