Por Amor de Jônatas
E disse Davi: Há ainda alguém que ficasse da casa de Saul, para que lhe faça bem por amor de Jônatas? (2 Samuel 9:1 ARC)
Voltando em 1 Samuel 20, Davi e Jônatas fizeram uma aliança de amizade e juraram que demonstrariam bondade um ao outro e aos descendentes um do outro. Jônatas teve um filho pequeno, Mefibosete. Quando Saul e Jônatas foram mortos em batalha, e a casa de Saul caiu, uma enfermeira fugiu apressadamente com a criança, que ficou ferida e aleijada dos dois pés.
Depois que Davi estabeleceu-se como rei, lembrou-se de sua aliança com Jônatas e perguntou se havia alguma pessoa na casa de Saul a quem ele mostrasse bondade por causa de seu amigo. Mefibosete foi encontrado, e Davi disse-lhe: “Não tenha medo […] pois é certo que eu o tratarei com bondade por causa de minha amizade com Jônatas, seu pai. Vou devolver-lhe todas as terras que pertenciam a seu avô, Saul, e você comerá sempre à minha mesa”. Depois disso, ele jantou à mesa de Davi como um dos filhos do rei.
Mefibosete beneficiou-se de uma aliança que ele não fez, mas recebeu bondade devido a sua associação com uma pessoa que fez uma aliança em seu nome. Ele não procurou por Davi — o rei o procurou. Ele era aleijado e não realizou atos de valor para ganhar o respeito de Davi — o rei decidiu honrá-lo. A única razão pela qual Davi concedeu a ele a propriedade de um rei e o lugar de um príncipe foi por causa de sua associação com Jônatas.
Mefibosete não precisava se preocupar se ele era bom o suficiente para isso — ele não era — , mas Jônatas era bom o suficiente nos olhos de Davi. Ele não teve que obter a aceitação de Davi, porque Davi já havia aceitado Jônatas. E ele não teve que se perguntar se Davi mudaria de ideia e o lançaria numa masmorra no dia seguinte, porque Davi fez uma promessa a Jônatas e selou-a com uma aliança. A confiança de Mefibosete dependia de seu conhecimento da atitude de Davi para com Jônatas.
Da mesma forma, não há nada que tenhamos ou que possamos fazer para obter a atenção e favor de Deus. Nós não somos sábios o suficiente, justos o suficiente, bonitos o suficiente. Mas a respeito de Jesus Cristo, o Pai declarou: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado”. E ele deu evidência de sua aprovação quando ressuscitou Jesus dos mortos. Agora em Jesus Cristo somos amados, salvos, justificados e preservados para sempre. Chegamos corajosamente ao trono da graça, não porque temos confiança em nossa própria bondade, mas mesmo em nossos momentos mais fracos, temos certeza da bondade de Jesus Cristo, e temos certeza de que Deus o aceita, de modo que ele está sempre diante do trono do Pai para interceder por nós. Nós duvidamos do amor do Pai para conosco? Não duvidamos do amor do Pai por seu Filho, e podemos chegar ao Altíssimo com a mesma confiança que temos em relação à justiça de Jesus Cristo.
Devemos exalar o mesmo poder que pregamos o evangelho. Os incrédulos exigem: “Como você se atreve a falar conosco dessa maneira? Você é perfeito?”. Nós respondemos: “Não somos perfeitos, mas falamos por alguém que é. E é a ele que ordenamos que você se arrependa”. Dito isto, é óbvio que muitos que afirmam servir a Deus fazem isso com base na confiança em si mesmos. Às vezes, minha confiança os ofende de tal modo que me acusam de orgulho e presunção. Mas é claro que minha confiança é total — ela reflete minha opinião sobre Cristo. Eles respondem: “Mas você diz que é invencível em sua defesa da fé”. Claro! É porque Cristo é invencível. Ora, quem eles estão defendendo? E de quem eles estão dependendo? O que a acusação deles implica em seu próprio pensamento? Devemos assumir que a medida de confiança que eles têm no evangelho não é realmente outra coisa senão a medida de confiança que eles têm em si mesmos? Ou talvez a verdade é que eles têm uma opinião baixa sobre Cristo. Se ambos são verdadeiros, eles são mesmo cristãos? Meus irmãos e irmãs, quando falarem por Cristo, considerem a perfeição dele, proclamem a grandeza dele e parem de pensar em si mesmos!
Mefibosete respondeu sabiamente: “Quem é o teu servo, para que te preocupes com um cão morto como eu?”. Qualquer pessoa que entenda a verdade sobre a humanidade confessaria prontamente que é apenas um cão morto diante do Senhor. E qualquer pessoa que pregue a verdade não hesitará em declarar isso. Não cristão, você se vê como um cão morto diante de Deus? Você diz: “Não, eu sou sábio, sou bom, sou capaz. Eu alcançarei o trono de Deus por meus próprios esforços e chamarei sua atenção. Vou obrigá-lo a me favorecer”. Mas você não conseguirá um encontro com Davi, a menos que seja parente de Jônatas. Deus não lhe ouvirá, e sua vida não pode ter valor ou propósito, a não ser para demonstrar a ira divina, a menos que esteja ligado a Jesus Cristo através da fé. Venha para ele. Mas não venha como um príncipe, para que ele não lhe derrube. Venha como um cão morto, com a confiança de que Jesus Cristo é seu advogado justo diante de Deus, e você jantará à mesa do rei, como um de seus próprios filhos.
Vincent Cheung. For Jonathan’s Sake. Disponível em Sermonettes — Volume 1 (2010), pp. 20–21. Tradução: Luan Tavares (25/01/2019).
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