Persistência na Oração

As Obras de Vincent Cheung
4 min readDec 11, 2020

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Imagem de Himsan por Pixabay.

Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar. Ele disse: “Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus nem se importava com os homens. E havia naquela cidade uma viúva que se dirigia continuamente a ele, suplicando-lhe: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’.

“Por algum tempo ele se recusou. Mas finalmente disse a si mesmo: ‘Embora eu não tema a Deus e nem me importe com os homens, esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe justiça para que ela não venha mais me importunar’”.

E o Senhor continuou: “Ouçam o que diz o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu digo a vocês: Ele lhes fará justiça e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?” (Lucas 18:1–8)

A lição gira em torno do argumento a fortiori. Esse tipo de argumento primeiro estabelece um ponto e, em seguida, propõe outro que, à luz do anterior, avança com força ainda maior. Para ilustrar, uma vez assumido que o cálculo é mais difícil que a álgebra, e o cálculo pressupõe álgebra, então, se for estabelecido que uma pessoa é proficiente em cálculo, podemos afirmar com força ainda maior que ela é proficiente em álgebra. Ou, uma vez que se presume que uma melancia é mais pesada que uma laranja, se uma criança puder levantar uma melancia, podemos afirmar com ainda mais confiança que ela pode carregar uma laranja.

Este é o tipo de argumento que Jesus coloca diante de nós. É claro que ele não está comparando Deus a um juiz injusto. Em vez disso, o ponto é que, se até mesmo um juiz injusto, que não teme a Deus ou não se importa com os homens, se rende à persistência de uma viúva e faça justiça a ela, então quanto mais Deus, que é justo, ouvirá os pedidos persistentes de justiça de seus eleitos? O ensino é que eles devem “orar sempre e nunca desanimar”.

Talvez haja coisas que pedimos a Deus que não tenham acontecido, e o tempo e o sofrimento nos cansaram até a exaustão espiritual. Para nós, Jesus oferece algo muito maior do que mera empatia ou conselho sentimental. Ele nos dá sólidas razões de fé às quais podemos retornar sempre:

Primeiro, ele nos lembra da natureza de Deus, que o próprio Deus é justo — ele não é como um homem injusto. Segundo, ele nos lembra que somos os seus escolhidos. Confiamos nele porque ele nos escolheu primeiro. Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. Não precisamos nos perguntar sobre sua atitude — ele nos mostrou que cuidava de nós antes mesmo de conhecê-lo, e chegamos a conhecê-lo porque ele cuidou de nós em primeiro lugar. Então, essas duas verdades — inatacáveis ​​porque são baseadas no próprio caráter e decisão de Deus, em vez de em qualquer coisa em nós — são expressas na lógica irrefutável do argumento a fortiori, de que ele é maior que um homem injusto, de modo que elas penetram em nossa consciência com força ainda maior.

Portanto, se as coisas que pedimos concordam com as ideias de justiça e bondade de Deus, devemos continuar em oração a respeito delas. Persistamos especialmente pelo avanço do evangelho, para que a fama de Jesus Cristo possa conquistar todas as nações e converter muitos corações, e que as doutrinas e preceitos do Pai possam ser estabelecidos em toda a terra. Como o versículo 8 indica, a questão não é se Deus se lamenta em cumprir a justiça, mas se ele encontrará fé entre os homens.

Numa época em que a reverência a Deus parece declinar, mesmo nas igrejas que reivindicam seu nome, Deus nos honra, fazendo de nós um remanescente. Ele nos ordenou os heróis desta era. Isso não quer dizer que ele compartilha sua glória conosco, pois ele não compartilha sua glória com ninguém, mas que se glorifica colocando diante do mundo, até mesmo diante de anjos e demônios, indivíduos que persistem na fé e na oração, mesmo quando todos os outros o abandonam. Que privilégio maravilhoso viver como crentes fiéis nesta geração má e tola, entre homens maus e tolos. Que Deus continue guiando e sustentando seu povo.

Vincent Cheung. Persistence in Prayer. Disponível em Sermonettes — Volume 1 (2010), pp. 35–36. Tradução: Luan Tavares (01/12/2019).

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Written by As Obras de Vincent Cheung

Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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