Mas o Que é Conhecimento?
Vincent Cheung, Captive to Reason (2009).
Eu nego que a indução, a sensação e a ciência possam produzir qualquer conhecimento, e forneci justificativa bíblica e racional para isso em meus escritos. Além das típicas respostas e evasivas falaciosas, uma resposta é perguntar: “Mas o que é conhecimento?”. Isto é, se não podemos definir o conhecimento, ou não podemos justificar nossa definição de conhecimento, então pareceria sem sentido dizer que a indução, a sensação e a ciência não podem produzir nenhum conhecimento. Esse sofisma é apenas mais uma tática evasiva usada por aqueles que não conseguem responder aos meus argumentos.
A objeção perde o ponto. O ponto é que a indução, a sensação e a ciência envolvem processos falaciosos de raciocínio de tal forma que nunca podem descobrir premissas verdadeiras e nunca podem produzir conclusões logicamente válidas a partir das premissas. Ou seja, é impossível usar a indução, a sensação e a ciência para raciocinar validamente a partir das premissas X e Y para a conclusão Q em relação a qualquer assunto P. Portanto, minha contenda contra meus oponentes permanece, mesmo que nunca definamos ou mesmo mencionemos “conhecimento”.
Assumindo a premissa “Eu vejo um carro vermelho”, como é possível raciocinar validamente a partir dessa premissa “Há um carro vermelho”? Deve haver outra premissa para preencher a lacuna entre “Eu vejo” e “Há”, mas como essa premissa pode ser racionalmente obtida e justificada, em vez de apenas teimosamente assumida? Este é o ponto, e este é o desafio que meus oponentes ainda não conseguem responder.
Da forma como está, não há diferença racional entre saltar de “Eu vejo um carro vermelho” para “Há um carro vermelho” e saltar de “Eu imagino um carro vermelho” ou “Eu desejo um carro vermelho” para “Há um carro vermelho”. Qual é a diferença racional entre sensação, imaginação e expectativa? Como alguém pode saltar de “Eu vejo” para “Há” e não pode saltar de “Eu imagino” ou “Eu desejo” para “Há”? Qual é a premissa adicional que faz a diferença? E como essa premissa é racionalmente obtida e justificada? A questão não é a definição de conhecimento, mas a validade do processo de raciocínio.
A objeção é sofística e irracional. Quer definamos conhecimento ou não, e quer meus oponentes definam conhecimento ou não, a objeção não faz nada para justificar a indução, a sensação e a ciência, mas tenta nos distrair do ponto principal, esperando que nos esqueçamos de seu fracasso em fazer qualquer processo para estabelecer o caso deles.
A objeção afirma que eu preciso definir “conhecimento” em uma proposição como “A ciência não pode produzir nenhum conhecimento”. Mas eu me recuso a ser intimidado ou distraído por sofismas. Eu posso fazer o mesmo desafio contra meus oponentes sem usar a palavra “conhecimento”. Eu os desafio a demonstrar como as sensações podem descobrir premissas verdadeiras. Eu os desafio a mostrar como a indução pode validamente chegar a conclusões que estão além das informações incluídas nas premissas. Eu os desafio a demonstrar como a ciência pode chegar a qualquer conclusão sobre qualquer coisa com validade lógica. Eu os desafio a me mostrar pelo menos uma conclusão, em toda a história humana, que foi alcançada pela sensação, pela indução e pela ciência com validade lógica.
Eu posso continuar a pressionar meu desafio contra a indução, a sensação e a ciência sem usar a palavra “conhecimento”. Por exemplo, eu digo que a ciência não pode deduzir ou inferir nada validamente porque comete a falácia lógica da afirmação do consequente. Estou fazendo o mesmo ponto quando digo que a ciência não pode produzir nenhum conhecimento.
Embora eu possa definir conhecimento e usar a palavra para lançar o desafio, se o fizesse neste contexto, meus oponentes provavelmente continuariam com sua política de evasão e tentariam contestar minha definição. Mas eu me recuso a permitir que trapaceiros intelectuais me intimidem ou me distraiam. A verdadeira questão é como eles podem usar a indução, a sensação e a ciência para raciocinar validamente a partir de premissas até a conclusão sobre qualquer coisa.
Vincent Cheung. Captive to Reason (2009), pp. 31–32. Tradução: Luan Tavares (27/06/2021).
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