Mais Conselhos para Vencedores

Vincent Cheung, Sermonettes — Volume 1 (2010).

Assim respondeu o SENHOR: “Se você se arrepender, eu o restaurarei para que possa me servir; se você disser palavras de valor, e não indignas, será o meu porta-voz.” (Jeremias 15:19)

Deus chamou Jeremias para falar por ele. A mensagem não foi agradável. Seus próprios conterrâneos seriam levados cativos e muitos deles seriam mortos. Toda a sua nação estaria arruinada. O profeta explicou que o Senhor havia determinado puni-los e era tarde demais para oração e arrependimento. Para se submeter à vontade de Deus e limitar as baixas, eles deveriam se render aos seus inimigos e servir seu tempo no exílio. Por esta mensagem, Jeremias foi rotulado de traidor, embora em sua época não houvesse ninguém mais fiel do que ele.

A mensagem não foi apenas dolorosa para Jeremias falar, mas a reação contra ele também foi difícil de suportar. Assim, ele reclamou do Senhor no capítulo 12. Em vez de oferecer o que os cristãos hoje chamariam de uma resposta compassiva, Deus disse a ele para se tornar mais forte, pois tempos ainda mais difíceis estavam por vir. Mas no capítulo 15, Jeremias estava de volta. Ele disse: “Por que é permanente a minha dor, e a minha ferida é grave e incurável? Por que te tornaste para mim como um riacho seco, cujos mananciais falham?” (v. 18).

O contexto fornecido acima é importante, para que não pensemos que o profeta era um fraco, curvando-se à ira dos homens como uma cana ao vento. Não, ele era um exemplo de poder espiritual e coragem moral, até mesmo um tipo do Senhor Jesus (Mateus 16:14). Em termos de privilégio, mesmo o menor dos cristãos é maior do que ele. Mas, em termos da qualidade real do serviço prestado ao Senhor, ele valia mais de quinhentos mil, ou melhor, quinhentos milhões, do que hoje chamamos tão levianamente de cristãos. Isso não quer dizer que ele tivesse uma desculpa, mas sim, para mostrar nossos fracassos pelas catastróficas exibições de fraqueza, egoísmo e incompetência que eles são.

De qualquer forma, ficou claro que Jeremias enfrentou muita oposição e perigo. Em pura angústia de espírito, ele clamou novamente. Deus não estava familiarizado com nossas técnicas de aconselhamento ou simplesmente não queria produzir perdedores espirituais como nós, então, em vez de ceder ao profeta choroso, ele o repreendeu: “Assim respondeu o SENHOR: ‘Se você se arrepender, eu o restaurarei para que possa me servir; se você disser palavras de valor, e não indignas, será o meu porta-voz’” (v. 19). Deus nem mesmo abordou suas queixas diretamente, mas imediatamente disse ao homem que se arrependesse e parasse de falar besteiras.

Aqueles que estão no meu ministério por muito tempo devem se sentir confortáveis ​​com isso. Mesmo quando eu era um pregador adolescente, meu aconselhamento fazia adultos de duas a três vezes a minha idade chorarem, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Minhas palavras foram tão mais severas que seus problemas pareciam insignificantes em comparação. Mas quando eles ouviram, eles não se acomodaram em um modo de resistência infinita. Em vez disso, eles lutaram e superaram seus problemas. Esse tipo de conselho nem sempre é apropriado, especialmente ao aconselhar perdedores que nunca valeriam nada para o Senhor. Às vezes, o melhor que se pode fazer é evitar que as pessoas cometam suicídio. Estou tentando ser engraçado ou apenas franco? Essa nem sempre é a maneira certa de se aconselhar, mas certamente nem sempre é errada.

Se Deus disse a Jeremias para se arrepender, quanto mais ele despreza suas lamentações mesquinhas? Conforme mencionado em um discurso anterior, há um ensino comum de que é compreensível nutrir dúvida, raiva e ressentimento contra Deus e que, quando o fizermos, devemos expressar livremente esses pensamentos a ele. Os que ensinam essa doutrina horrível obtêm exemplos dos profetas e dos salmos, mas deixam de reconhecer que esses casos são marcados pela desaprovação de Deus e pelo arrependimento do próprio falante. Para ilustrar, Deus registrou o incidente do pecado de Davi com Bate-Seba, não para que você também cometa assassinato e adultério, mas para que não faça essas coisas, vendo as muitas mortes e tragédias que Deus trouxe sobre a família e a nação de Davi por causa de seus pecados.

Aqueles que incentivam esse tipo de oração de reclamação ensinam o povo de Deus a blasfemar. Eles devem ser confrontados e compelidos a se arrepender por espalhar rebelião entre os santos. Eles são perdedores e querem que você seja um perdedor como eles. Não dê ouvidos a eles. Não blasfeme. Quando pensamentos opressivos surgirem, não os entretenha. Arrependa-se pelos próprios sentimentos de insatisfação. Enfrente-os e destrua-os com a verdade e a razão. Não fale contra o Senhor, mas estude as respostas que ele já deu na Bíblia.

As doutrinas cristãs, acompanhadas pelo poder do Espírito Santo, transformam os fracos em homens e mulheres fortes. Paulo escreveu: “Fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder”. Aqueles que concedem licença a sentimentos de vitimização e amargura revelam essa herança do evangelho. Entramos na vida cristã por meio da cruz, mas assim como Cristo ressuscitou dos mortos depois de seu sofrimento, depois da cruz há glória. Depois do sofrimento, vem a vitória. Somos mais do que vencedores em Cristo Jesus e podemos ter um gostinho do poder do céu aqui mesmo na terra, se tão somente crermos.

Vincent Cheung. More Counsel for Winners, em Sermonettes — Volume 1 (2010), pp. 31–32. Tradução: Luan Tavares (17/10/2021).

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Copyright © 2010 por Vincent Cheung
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Sobre o autor: Vincent Cheung nasceu em Hong Kong (China), em 16 de setembro de 1976. Atualmente reside em Boston (EUA) com a sua esposa Denise. Ele é autor de mais de trinta livros e centenas de palestras sobre assuntos como teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como sistema de pensamento abrangente e coerente, como revelado por Deus na Escritura.