Hipocrisia no Aconselhamento Cristão
Ele é considerado o fundador do movimento de aconselhamento bíblico. Um princípio fundamental de sua abordagem é que a Bíblia é suficiente para direcionar todo o homem. Ele se queixa de que os cristãos pregam sobre a salvação da alma da Bíblia, mas quando falam com pessoas com problemas psicológicos, eles as encaminham para terapeutas não cristãos ou as aconselham com métodos não cristãos.
No entanto, ele mesmo ensina que ao aconselhar alguém que está sofrendo de algo como depressão, devemos verificar se a causa é psicológica ou fisiológica. Se a depressão é psicológica, então o conselheiro cristão deve falar com essa pessoa a partir da Bíblia. Mas se a depressão é fisiológica, talvez devido a um desequilíbrio hormonal, então o conselheiro deve encaminhar a pessoa a um médico. Ele não sugere que a Bíblia também é suficiente para abordar problemas fisiológicos, e que devemos ter fé em Deus para curar milagrosamente a pessoa desse desequilíbrio químico, mesmo que a Bíblia prescreva milagres por suas muitas promessas e exemplos.
Essa hipocrisia cessacionista injeta uma deformidade devastadora num sistema de aconselhamento que afirma ser bíblico. Ele provavelmente não está ciente disso. Ele não acha que há algo errado. A incredulidade está tão enraizada que ele considera essa política garantida, enquanto critica os outros por fazerem a mesma coisa. Uma vez que essa suposição do cessacionismo afeta como ele lida com todo conselheiro em cada estágio com cada questão, o dano é incalculável. Todos aqueles que são como ele são culpados por dificultar o evangelho em seus conselhos, na igreja e no mundo. O cessacionismo afasta as pessoas do evangelho. Ele diz às pessoas para crer em Cristo, mas depois se recusa a deixá-las tê-lo.
Aconselhamento “bíblico” não significa que você discute apenas as ideias da Bíblia, e até mesmo reprima muitas delas, mas significa que você também invoca as promessas da Bíblia. O que a Bíblia promete deve acontecer na sua interação com os conselheiros.
Se uma pessoa vive com medo porque tem uma doença, não devemos apenas confrontar seu medo como pecado, ordená-la a se arrepender e depois ensiná-la a confiar em Deus. Essa abordagem parece boa até certo ponto, mas também é mentira, porque nessa situação, confiar em Deus significaria receber a cura pela fé. O aconselhamento implicaria ordenar que quela doença deixe a pessoa, ou ensinar a pessoa a fazer isso sozinha. A forte insistência dele no aconselhamento a partir da Bíblia, sem a fé, torna-se forte hipocrisia na prática, porque ele se rebela contra mesma Bíblia que diz ensinar e confiar.
Então, muitas pessoas precisam assimilar uma pregação prolongada que contém a sã doutrina e muita fé — mais e mais fé — mais do que elas precisam de aconselhamento individual. Algumas pessoas precisam de aconselhamento para lhes dizer que devem parar de pensar que precisam de aconselhamento. Elas devem ouvir boas pregações e ser praticantes da palavra. Esse é o problema, tanto nos conselheiros quanto nos aconselhados. Eles honram a Bíblia com seus lábios, mas se recusam a fazer o ela que diz.
Do e-mail.
Vincent Cheung. Hypocrisy in Christian Counseling. Disponível em Fulcrum, pp. 29–30. Traduzido por Luan Tavares em 24/07/2019.