Filipenses 3:2–9

Extraído de Commentary on Philippians (2014).

As Obras de Vincent Cheung
14 min readFeb 7, 2021

Cuidado com os “cães”, cuidado com esses que praticam o mal, cuidado com a falsa circuncisão! Pois nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne, embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança.

Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à Lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível.

Mas o que para mim era lucro passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da Lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.

Como cristãos, devemos ser cooperadores no evangelho, unidos pelo evangelho e viver para o evangelho. Devemos deixar de lado a ambição egoísta e as disputas mesquinhas para preservar nossa harmonia, para que possamos nos unir em torno de uma mensagem e um propósito, e para que possamos apresentar efetivamente o evangelho direto e inflexível a esta geração depravada e covarde.

No entanto, não devemos tentar manter a harmonia a todo custo, porque o único fundamento adequado para a unidade é uma teologia bíblica comum. Devemos deixar de lado nossas diferenças pessoais por causa do evangelho, sem ignorar nossas diferenças teológicas. Se não há unidade teológica, então não há verdadeira unidade, e se nossa teologia não é bíblica, então qualquer unidade em torno dela é prejudicial. A teologia é a coisa mais importante em uma comunidade, porque é a teologia que define a comunidade e seu propósito.

Portanto, além de praticar a abnegação para preservar a unidade de nossa comunidade em torno da nossa teologia, devemos proteger nossa teologia contra a corrupção, para que o fundamento de nossa unidade não seja destruído. A falsa doutrina pode se espalhar como câncer (2 Timóteo 2:17), pois “um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gálatas 5:9). Os líderes da igreja devem prevenir a corrupção doutrinária ensinando regularmente a doutrina bíblica às pessoas e advertindo-as repetidamente sobre a falsa doutrina. Este é o principal dever deles. Quando os líderes da igreja detectam a intrusão de falsa doutrina na comunidade, e se a persuasão gentil falha em corrigir isso, eles devem repreender duramente os ofensores na esperança de que possam retornar à integridade na doutrina e na prática (Tito 1:13). Se os ofensores se recusarem a se arrepender, eles devem ser expulsos da comunidade (1 Timóteo 1:20). A Escritura condena aqueles que acolhem ou apoiam hereges (2 João vv. 9–11).

Paulo diz que aqueles que espalham falsas doutrinas são “cães”. Ele provavelmente está pensando nos judeus que, embora afirmem reconhecer Jesus como o Cristo, continuam a insistir que os gentios devem se submeter às leis cerimoniais de Moisés, representadas pela circuncisão (Atos 15:1, 5). Eles dizem que, embora seja bom ter fé em Jesus, é necessário adicionar a essa fé a obediência às leis cerimoniais de Moisés para ser justificado diante de Deus ou para atingir a perfeição (Gálatas 3:1–5).

Os judeus se referem aos gentios impuros como “cães” (Marcos 7:27). Na verdade, todos os não cristãos são cães, e Paulo aplica o insulto aos judeus que contradizem o verdadeiro evangelho, porque eles também não são salvos. A hostilidade de Paulo não está reservada aos judeus, como se ele fosse mais gentil com outros hereges. A Escritura aplica todos os tipos de insultos contra aqueles que espalham falsas doutrinas e praticam más obras (Apocalipse 22:15).

Paulo não diz que os hereges são apenas aqueles com uma “perspectiva diferente”, e ele não diz algo estúpido como Deus revela verdades para pessoas de diferentes convicções religiosas, de modo que nosso entendimento total aumentaria se nos uníssemos em uma troca amigável e diálogo. Ele não diz que devemos ter “a mente aberta e tolerante” ou que devemos “celebrar a diversidade”. Não! Aqueles que se opõem à fé cristã são cães, e sobre este grupo particular de hereges, referindo-se à circuncisão, ele escreve: “Eu gostaria que se castrassem de uma vez!” (Gálatas 5:12 NTLH). A doutrina da justificação pela fé sempre esteve sob ataque, e cada geração deve renovar a luta pela verdade. Este é certamente o caso quando se trata desta doutrina, porque vai contra todas as tendências dos não convertidos.

A justificação é pela fé, não no sentido de que você pode se salvar pela sua fé; antes, a doutrina enfatiza que você não pode fazer nada para salvar a si mesmo, mas que deve depender totalmente de outra pessoa para salvá-lo. Portanto, a doutrina está ensinando a justificação não pela fé como tal ou por si mesma, mas está ensinando que a justificação é somente através de Cristo. É Cristo quem o salva, e não a própria fé. A fé tem um papel porque é Cristo quem o salva ao dar-lhe fé nele. A doutrina é ofensiva para o réprobo porque significa que ele deve abandonar o esforço para se salvar e reconhecer sua total dependência e desespero, ao passo que ele deseja ser deus para si mesmo. Ninguém irá verdadeiramente afirmar esta doutrina da fé a menos que Deus trabalhe nele para mudar sua mente.

Isso nos leva a reconhecer que nenhuma doutrina bíblica está isolada, mas cada uma envolve outras doutrinas que devem ser articuladas de uma forma que seja consistente entre si e consistente com a doutrina em discussão. Visto que nenhuma doutrina permanece por si mesma, é insuficiente e enganoso pregar a justificação pela fé como se não tivesse relação com outras doutrinas. Seria errado insistir que as pessoas afirmam a justificação pela fé, e então dizer a elas que elas são livres para crer em tudo que quiserem sobre outras coisas e ainda assim serem salvas. é insuficiente e enganoso pregar a justificação pela fé como se não tivesse relação com outras doutrinas. Seria errado insistir que as pessoas afirmam a justificação pela fé, e então dizer a elas que elas são livres para acreditar em tudo que quiserem sobre outras coisas e ainda assim serem salvas.

“Justificação pela fé” é uma abreviatura para várias doutrinas relacionadas — deve haver uma visão correta sobre elas também. Por exemplo, de onde vem a fé na “justificação pela fé”? A fé vem do poder humano ou da graça divina? A resposta é importante. Se você pensa que a fé vem de sua própria força de vontade ou decisão, que ela não é um dom de Deus, então você subverteu toda a ideia da justificação pela fé, que é total dependência de Deus para a salvação.

Uma mulher me disse: “Posso não ser uma boa cristã, mas não sou uma pessoa má”. Ela me disse que irá para o céu porque nunca fez nada realmente horrível e tenta ajudar os outros sempre que possível. Então ela quis dizer que não era uma pessoa má em si mesma, e não por causa de Cristo. O que quer que ela se chame, isso significa que ela não é cristã. Em todo caso, eu conheço essa mulher — ela não tenta ajudar os outros sempre que possível. Ela é uma mentirosa.

Se você não é cristão, então você é uma pessoa má. O fato de ela crer que não era uma pessoa má mostra que ela não entendia o evangelho. Se ela não fosse uma pessoa má, ela não precisaria do evangelho, mas toda pessoa é uma pessoa má sem a justiça que vem de Deus pela fé em Cristo. Ela não era muito diferente de outra mulher que me disse que nunca havia pecado. Ela se autodenominava cristã, mas não poderia ter afirmado a justificação pela fé, porque ela insinuou que não precisava da justificação em primeiro lugar.

Paulo diz: “Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23), e João diz: “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 João 1:8). Isso é o que a Bíblia diz, mas como ela insistiu que nunca tinha pecado, ela não podia realmente afirmar a inspiração e a inerrância bíblica. Se ela não pudesse afirmar a inspiração e a inerrância bíblica, ela não teria base para afirmar que era cristã ou que iria para o céu. Na verdade, visto que ela não podia afirmar a inspiração e a inerrância bíblica, ela não podia nem mesmo definir o pecado, com base no qual ela insistiria que ela não tinha pecado. Se você nunca reconheceu que é um pecador miserável, então não pode alegar que foi justificado pela fé.

Você não pode afirmar a “justificação pela fé” e ao mesmo tempo afirmar falsas visões sobre uma série de doutrinas relacionadas, porque afirmar falsas visões sobre elas torna impossível afirmar a “justificação pela fé”. Temos mostrado que afirmar apropriadamente a justificação pela fé deve-se afirmar a graça de Deus, a depravação do homem e a inspiração e inerrância da Escritura. Visto que a justificação pela fé se refere à fé na obra redentora de Cristo, deve-se ter uma visão correta da expiação. E visto que a expiação é a única provisão de Deus para a salvação, deve-se também reconhecer a exclusividade de Cristo. “Justificação pela fé” não se refere à fé em qualquer coisa, mas a fé deve ter um objeto adequado.

Vemos a estupidez daqueles que dizem que a teologia não importa, contanto que concordemos sobre as coisas que se relacionam com a salvação, e contanto que todos preguemos o evangelho. Quais são as coisas que se relacionam com a salvação, e quais são os pontos de vista adequados sobre essas coisas? E o que é o “evangelho”? Essas perguntas envolvem mais do que muitas pessoas pensam. Agora podemos entender porque a salvação está conectada ao estudo e conhecimento da Escritura (2 Timóteo 3:15). Você não pode afirmar e pregar o “evangelho” corretamente sem o estudo da teologia, porque a teologia correta é o evangelho.

Muitos que afirmam afirmar e pregar a justificação pela fé, de fato não pregam. Eles podem estar se referindo a justificação pela fé mais obras, justificação pela fé em “deus”, mas não a obra de Cristo, ou justificação por uma “fé” que é gerada por sua força de vontade e não como um dom de Deus. Qual é o dano? Não estamos sendo exigentes? Há um grande dano em rejeitar ou entender errado essa doutrina, e não estamos apenas sendo exigentes, porque a doutrina da justificação pela fé é o próprio evangelho. Uma falsa compreensão desta doutrina não é o evangelho de forma alguma e, portanto, não pode salvar ninguém.

Paulo reserva alguns de seus insultos mais severas para aqueles que pregam uma visão falsa da justificação e para aqueles que creem neles. Aqueles que pregam uma visão diferente da justificação não são irmãos que simplesmente têm uma perspectiva diferente, mas ele diz que pregam um “outro evangelho”, “que, na realidade, não é o evangelho”, e que eles serão “amaldiçoados” (Gálatas 1:6–9). Isso é muito sério — aqueles que pregam uma visão falsa da justificação sofrerão para sempre no inferno, assim como aqueles que creem no que eles pregam (Romanos 3:28, 11: 6; Gálatas 3:10–11). Não devemos tolerar “perspectivas” diferentes sobre este assunto, porque de fato são evangelhos diferentes, embora haja apenas um evangelho verdadeiro (2 Coríntios 11:3–4).

Isso torna o caminho para a salvação muito estreito, e muitas pessoas o rejeitarão. Isso é consistente com o que a Bíblia diz sobre a natureza do evangelho e sua recepção: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mateus 7:13–14; também Mateus 22:14; Lucas 13:23–24; Romanos 9:27). O problema é que “às vezes não apresentamos o evangelho bem o suficiente para que os não eleitos o rejeitarem”.[35]

Alguns querem que você creia que é fácil ser salvo, mas a Bíblia ensina que a salvação é totalmente impossível, a menos que Deus escolha salvá-lo. Eles acham que a Bíblia ensina que o caminho da salvação é tão fácil e simples que “até mesmo os loucos não errarão” (Isaías 35:8 ARC), no sentido de que mesmo os tolos podem entender o evangelho e não errarão sobre ele. No entanto, o versículo está dizendo o contrário: “E ali haverá uma grande estrada, um caminho que será chamado Caminho de Santidade. Os impuros não passarão por ele; servirá apenas aos que são do Caminho; os insensatos não o tomarão” (NVI). “O Caminho” (Atos 9:2, 19:9, 23, 24:14, 22) está reservado para aqueles a quem Deus escolheu e a quem Cristo redimiu,[36] para que os impuros e os tolos não entrem nele, e nem mesmo tropeçará nele ou entrará nele por engano.

O verdadeiro evangelho é ofensivo para os réprobos, como deve ser, mas os hereges tentam apresentar o evangelho de uma forma que não ofenda a ninguém. Portanto, a maioria das pessoas que eles trazem para a igreja são falsos convertidos. Por outro lado, Cristo deixou claras as exigências “impossíveis” do evangelho, de forma que alguns dos que inicialmente o seguiram não puderam suportar e o abandonaram (Mateus 19:22; João 6:60–61, 66). Esses nunca foram seus verdadeiros discípulos em primeiro lugar(João 8:31; 1 João 2:19).

Você afirma e prega a ilusão de um evangelho fácil ou a dura realidade de um evangelho “impossível” — aquele cujas demandas só podem ser atendidas pela graça e poder de Deus (Mateus 19:25–26)? Um falso evangelho atrai os réprobos e repele os eleitos (João 10:4–5), mas o verdadeiro evangelho ofende os réprobos e desperta os eleitos (1 Coríntios 1:21–25). Não tem nada a ver com sua eloquência ou carisma, mas tem tudo a ver com o conteúdo da sua mensagem.

A explicação bíblica para a rejeição das pessoas ao evangelho de Cristo é que Deus os designou como réprobos e endureceu seus corações contra a mensagem. Como Romanos 9:18 diz: “Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer e endurece a quem ele quer”. Deus mostra sua misericórdia àqueles a quem escolheu, regenerando-os, mudando suas mentes, concedendo-lhes arrependimento e fé, para que creiam no evangelho e sejam salvos. Por outro lado, ele mostra sua ira àqueles a quem ele condenou, dando-lhes “um espírito de atordoamento” (Romanos 11:8), endurecendo suas mentes, para que não vejam a verdade do evangelho e se recusem a aceitá-lo.

Uma manifestação principal de suas mentes endurecidas é sua rejeição da justificação pela fé em preferência por sua “confiança na carne” (v. 3). Eles se recusam a reconhecer o direito de Deus de definir o bem e o mal (Gênesis 3:5). Mesmo que reconheçam o direito de Deus de definir o bem e o mal, eles se recusam a reconhecer seus pecados (1 João 1:8). Mesmo que reconheçam seus pecados, eles se recusam a reconhecer seu completo desespero. Em vez de depender da misericórdia de Deus para salvá-los, eles preferem depender de suas próprias credenciais.

Paulo responde que, se alguém pudesse ter confiança na carne, seria ele. Pelo menos de acordo com o padrão do Judaísmo, ele tem o pedigree certo, a afiliação certa, as credenciais cerimoniais certas e as realizações humanas certas. Quando se trata de “justiça legalista”, ele é “irrepreensível” (vv. 5–6).

No entanto, Paulo descobriu que as credenciais humanas nunca poderiam salvar ninguém, visto que a salvação é pela graça por meio da fé, e não pelas obras da lei. Ele não podia depender tanto da graça quanto das obras para a justificação, porque esses dois caminhos são mutuamente exclusivos: “E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça” (Romanos 11:6). Portanto, para depender da graça soberana de Deus, Paulo deve renunciar às suas credenciais humanas. Ele tem que contar como “lixo” (literalmente, “esterco”) todos os seus méritos humanos e todas as coisas que ele costumava perceber como seus bens valiosos e realizações. Ele não pode considerar suas credenciais humanas meramente insuficientes; antes, ele não pode considerá-los como dando-lhe qualquer crédito, mas como coisas que aumentam sua dívida para com Deus. Assim, ele os renuncia, e se joga aos pés de Cristo em total desamparo e dependência de sua misericórdia.

Os réprobos se recusam a fazer isso. Embora tenham ainda menos razões para ter “confiança na carne”, eles se recusam a renunciar às suas credenciais humanas, mas insistem em buscar a justiça como se pudessem alcançá-la pelas obras (Romanos 9:32). Mas visto que a justiça vem somente pela fé em Cristo, essas pessoas nunca serão salvas. Alguns deles seguiram religiões não cristãs por muitos anos, e se renunciassem a elas, o que aconteceria com seu status, respeito, seus amigos, parentes — e se eles trabalhassem para essas organizações religiosas — seus empregos? Eles preferem rejeitar a Cristo a começar tudo de novo.

Você pode se perguntar: “Começar de novo? Mas eles nunca começaram no caminho certo para começo de conversa!”. Você está certo, mas eles não veem as credenciais humanas deles como “esterco”, embora seja assim que Deus as vê, então eles preferem se agarrar a seus preciosos excrementos a “ganhar Cristo” (v. 8). Você pode dizer: “Não é estúpido perder a alma para preservar uma ilusão?”. Sim, como diz a Bíblia, os não cristãos são muito estúpidos.

Então, há aqueles que se autodenominam cristãos por muitos anos, mas Jesus diz: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7:21). A profissão de fé deles sempre foi falsa, porque eles nunca entenderam ou aceitaram o evangelho, e porque Deus nunca realizou uma obra salvadora neles. Se eles estão entre os réprobos, a resposta deles será a mesma quando confrontados com o verdadeiro evangelho; isto é, eles se recusarão a renunciar a todas as suas credenciais e realizações “cristãs” anteriores para que possam ganhar a Cristo.

Eles podem afirmar que afirmam o evangelho da justificação pela fé, mas você sabe que eles estão mentindo quando estão sorrindo para você com seus rostos sujos de esterco. Eles realmente não confiam somente em Cristo para sua salvação, mas eles têm “confiança na carne”. Todos os seus atos de justiça são como “trapos imundos” (Isaías 64:6). Você não deve apenas adicionar Cristo às suas próprias credenciais, mas deve renunciar a elas como tendo qualquer parte em sua justificação diante de Deus. Conforme o Artigo 22 da Confissão Belga afirma:

Pois das duas, uma: ou em Jesus Cristo não há tudo de que precisamos para a nossa salvação, ou tudo se acha nEle e então aquele que possui Jesus Cristo pela fé, tem plena salvação. É, portanto, uma terrível blasfêmia afirmar que Cristo não é suficiente, mas que se faz necessário algo além dEle pois resultaria assim que Cristo é apenas um meio Salvador. Por isso, dizemos exata e corretamente como Paulo que somos justificados pela fé, independentemente das obras da lei.

Contudo, não entendemos isto, estritamente falando, com se a própria fé nos justificasse, pois ela é apenas o instrumento com que abraçamos Cristo, justiça nossa. Ele nos imputa todos os Seus méritos e todas as obras santas que tem feito por nós e em nosso lugar. Assim, pois, Jesus Cristo é a nossa justiça e a fé é o instrumento que nos mantém com Ele na comunhão de todos os Seus benefícios.

Um entendimento correto da doutrina da justificação pela fé é o mais importante, porque é impossível para uma pessoa ser salva a menos que ela afirme tal evangelho — não que haja qualquer outro (Gálatas 1:6–9). Por um lado, existe a justiça que vem do homem, que não justifica, e, por outro lado, existe a justiça que vem de Deus, que é pela fé. Somente pela justiça que vem de Deus por meio da fé você pode esperar alcançar uma ressurreição como a ressurreição de Cristo.

Portanto, certifique-se de que a “justificação pela fé” não é apenas um slogan vazio para você, mas que é a sua afirmação sincera baseada em um entendimento sólido. É apropriado aplicar os insultos mais extremos àqueles que pregam um falso evangelho, visto que são aqueles que “fecham o Reino dos céus diante dos homens”. Eles não entram e não permitem que outros entrem (Mateus 23:13). Eles são piores do que cães, porcos e bestas estúpidas. Isso é uma questão de céu e inferno.

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[35] MACARTHUR, John. Hard to Believe. Thomas Nelson, Inc., 2003, p. 20.
[36] Deus escolheu alguns indivíduos para a salvação na eternidade, e Cristo redimiu esses indivíduos — e apenas esses indivíduos — na história. Veja CHEUNG, Vincent, Systematic Theology.

Vincent Cheung. Commentary on Philippians (2014), pp. 38–44. Tradução: Luan Tavares.

© Vincent Cheung. A menos que haja outra indicação, as citações bíblicas deste livro pertencem à BÍBLIA SAGRADA, NOVA VERSÃO INTERNACIONAL ® NVI ® Copyright © 1993, 2000, 2011 de Sociedade Bíblica Internacional. Todos os direitos reservados.

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Written by As Obras de Vincent Cheung

Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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