Filipenses 1:27–30
Extraído de Commentary on Philippians (2014).
Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica, sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês, de salvação, e isso da parte de Deus; pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele, já que estão passando pelo mesmo combate que me viram enfrentar e agora ouvem que ainda enfrento.
As pessoas costumam falar sobre unidade — sobre quão boa e quão importante ela é. Mas em torno do que devemos nos unir? Em que semelhanças devemos insistir? Ou devemos insistir em nenhuma? Que diferenças devemos desconsiderar e que diferenças são inaceitáveis? Ou todas as diferenças são aceitáveis? Algumas pessoas tentaram se unir em torno da Torre de Babel, mas Deus as espalhou.
Assim como Paulo elogia os filipenses por colocar o evangelho em primeiro lugar, e assim como mostra que ele também coloca o evangelho em primeiro lugar, ele exorta os crentes a se unirem em torno desse único objetivo e propósito — ou seja, o evangelho e seu progresso. Para muitas pessoas, a teologia é o fator menos importante quando se trata de unidade, de modo que todos os tipos de indivíduos são instados a se unir, mesmo quando suas teologias se contradizem. A unidade cristã coloca a teologia cristã em primeiro lugar. Se não podemos concordar com questões teológicas, então não faz sentido discutir outras questões relacionadas à unidade. Se você afirma e prega um evangelho diferente, como nos unimos? Por que nos uniríamos? Qualquer “unidade” que desconsidere a teologia é superficial e sem sentido.
No entanto, uma vez que concordamos com o que constitui a mensagem do evangelho, e uma vez que concordamos com o propósito comum de progredir esse evangelho, temos uma base bíblica e significativa para a unidade. Essa unidade deve ser tão forte que lutaríamos “unânimes pela fé evangélica”. E por causa deste evangelho, ordenaríamos nossa vida de uma maneira que lhe traga honra, em vez de descrédito (v. 27).
Os pecadores resistirão a nós. Assim como a verdadeira unidade cristã tem como base a teologia bíblica comum, embora os pecadores pareçam ter crenças e culturas diversas, todos os pecadores de fato têm apenas um propósito — resistir ao evangelho. Como Jesus diz: “Aquele que não está comigo está contra mim; e aquele que comigo não ajunta espalha” (Mateus 12:30). É claro que os incrédulos parecem que se unem, já que suas diferenças são superficiais, enquanto os verdadeiros cristãos diferem com todos os outros no nível fundamental. Na verdade, existem duas opções — unir para promover o evangelho ou unir para se opor ao evangelho.
A oposição deles contra aqueles de nós que se unem em torno do verdadeiro evangelho é um sinal da nossa salvação e da condenação deles. O fato de nos unirmos em torno da verdadeira mensagem do evangelho e até negar nossos próprios interesses para promovê-la é um sinal de que Deus nos escolheu para a salvação e nos transformou para o serviço. É Deus quem nos concede graça para crer no evangelho, e depois nos concede graça para sofrer pelo evangelho.
Por outro lado, o fato dos não cristãos resistirem a nós os expõe como réprobos, escolhidos por Deus para condenação eterna. Alguns deles podem ser como Paulo, que perseguiu a igreja a princípio, mas depois foi transformado por Deus. Mas, a menos que isso aconteça, qualquer um que se oponha aos que se unem em torno do evangelho se expõe como não salvo e condenado à destruição.
Portanto, quando os pecadores se opõem à sua posição ousada em relação à fé, regozija-se com o fato de Deus ter lhe concedido fé para crer no evangelho e graça para sofrer pelo evangelho. Em todo lugar que o levarmos, o evangelho é vida para os escolhidos e morte para os réprobos (2 Coríntios 2:14–16). Diferentemente da unidade não cristã, nossa unidade em torno do evangelho não é para aumentar nossa capacidade de autopreservação; antes, desistimos da autopreservação por causa do evangelho (Marcos 8:35), mas confiamos em Deus para nos livrar.
Vincent Cheung. Commentary on Philippians (2014), pp. 27–28. Tradução: Luan Tavares (19/10/2019).