Fé na Ressurreição

Vincent Cheung, Sermonettes — Volume 1 (2010).

As Obras de Vincent Cheung
5 min readJun 26, 2021

Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: “Por meio de Isaque a sua descendência será considerada”. Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos. (Hebreus 11:17–19)

Eu desprezo o homem que é ingênuo o suficiente para não acreditar na ressurreição. Essa pessoa não pode ser muito inteligente e confiável. De fato, temos o dever moral de ter uma opinião negativa sobre ele. Você deseja ter uma opinião elevada sobre uma pessoa que insiste que seu Senhor nunca voltou do túmulo? Se sim, há algo errado com você também. Mas eu quero falar sobre Abraão.

Deus deu a Abraão um filho, Isaque, por um ato de poder. E ele disse que através de Isaque, Abraão se tornaria o pai de muitas nações. Mas um dia ele disse a Abraão para oferecer Isaque em holocausto (Gênesis 22:2). Isso significava que Abraão deveria matar seu próprio filho e queimar o corpo. No entanto, Abraão sabia que Isaque tinha de viver, porque Deus havia dito que a promessa seria cumprida por meio de Isaque (Gênesis 21:12).

Então, Deus fez uma promessa que exigiria que Isaque vivesse, e agora Deus ordenou a Abraão que matasse Isaque e queimasse o corpo. Isso teria representado um dilema para nossos teólogos, mas não para Abraão. Abraão não acreditava que pudesse haver paradoxo na revelação. E ele não acreditava no absolutismo graduado, a escola de ética que diz que os mandamentos de Deus frequentemente se contradizem, e que enquanto cumprirmos os maiores, não é considerado pecado quebrar os menores. Pense numa “pena mentirosa dos escribas” (Jeremias 8:8)! Não, mesmo quando Jesus disse que alguns dos mandamentos de Deus são maiores do que outros, ele disse isso apenas para declarar: “Vocês deviam praticar estas coisas, sem deixar de fazer aquelas” (Lucas 11:42).

A Bíblia diz: “Aquele profeta ou sonhador terá que ser morto, pois pregou rebelião contra o SENHOR, o seu Deus” (Deuteronômio 13:5). Ora, se a igreja não tem o poder de execução, pelo menos tem o poder de excomunhão. Com base na palavra de Deus, meu julgamento é que qualquer pessoa que afirme que pode haver paradoxo na revelação ou qualquer pessoa que afirme a ética do absolutismo graduado deve ser excluída de todas as formas de ministério, e se formos verdadeiramente zelosos, até mesmo da parentalidade, porque essas pessoas são más e perigosas. Aqueles que ensinam rebelião contra o Senhor merecem punição, vergonha e exclusão, não honra e autoridade sobre o povo de Deus. Aqueles que não se opõem a eles compartilham de seus pecados, visto que Saulo estava presente no apedrejamento de Estêvão e deu sua aprovação.

Abraão acreditava na inteligência e coerência de Deus. Era certo que a promessa divina seria cumprida por meio de Isaque — portanto, ele tinha de viver. Também era certo que a ordem divina era matar Isaque e queimar o corpo — portanto, ele tinha de morrer. Abraão considerou isso e raciocinou. E para uma mente que havia sido iluminada pela fé em Jesus Cristo, a implicação era tão natural e certa: Deus ressuscitaria Isaque dentre os mortos, até mesmo das cinzas. Embora Deus o tenha impedido no último momento, Abraão estava totalmente preparado para realizar o sacrifício, sem saber que Deus deteria sua mão. Portanto, como nosso texto indica, ele de fato recebeu seu filho de volta dos mortos em um sentido figurado, até mesmo das cinzas.

Este é um modelo de fé cristã. A Bíblia diz que a promessa que veio por meio de Abraão não está reservada para os que são da lei, mas é dada para aqueles que seguem sua fé: “Portanto, a promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a graça e seja assim garantida a toda a descendência de Abraão; não apenas aos que estão sob o regime da Lei, mas também aos que têm a fé que Abraão teve. Ele é o pai de todos nós. Como está escrito: ‘Eu o constituí pai de muitas nações’. Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem” (Romanos 4:16–17). A herança espiritual é o que importa “aos olhos de Deus”. Os cristãos são filhos de Abraão não porque sejam necessariamente seus descendentes de sangue, mas porque seguem sua fé. E essa fé, diz a passagem, está no “Deus que dá vida aos mortos”.

Portanto, porque quando a Bíblia fala sobre fé, isso significa a fé da ressurreição de Abraão, a doutrina da ressurreição é um teste de profissão e ortodoxia. O verdadeiro cristão crê que, embora Jesus Cristo tenha sido assassinado por crucificação e que ele esteve morto e sepultado, Deus o ressuscitou dos mortos. E ele crê que Deus ressuscitará da mesma forma todos os que creram em Jesus Cristo, mesmo que seus corpos tenham se reduzido a pó ou se reduzido a cinzas. A menos que uma pessoa creia nisso, ela não pode ser cristã.

Os não cristãos não podem aceitar isso, porque confunde suas mentes minúsculas. Eles não creem na ressurreição porque seu horizonte intelectual é limitado. É claro que uma pessoa pode ressuscitar dos mortos, até mesmo das cinzas de seu corpo. A impossibilidade da ressurreição é racionalmente inconcebível. A negação da ressurreição é tola e irracional. É uma operação externa do mundo de fantasia conjurada pela imaginação grotesca do não cristão. Mas Deus curou nossa ignorância e ampliou nosso horizonte, para que possamos crer na verdade, que a ressurreição é possível, que aconteceu na pessoa de Jesus Cristo e que acontecerá a todos os que nele confiam.

Vincent Cheung. Faith in Resurrection. Disponível em Sermonettes — Volume 1 (2010), pp. 18–19.Tradução: Luan Tavares (26/06/2021).

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Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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