Eu sou Ananias
Vincent Cheung, Sermonettes — Volume 7 (2012).
Então Ananias foi, entrou na casa, pôs as mãos sobre Saulo e disse: “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que apareceu no caminho por onde você vinha, enviou-me para que você volte a ver e seja cheio do Espírito Santo”. (Atos 9:17)
Saulo, ou Paulo, estava indo em direção a Damasco para prender os cristãos. Mas antes de chegar, Jesus apareceu para ele em uma luz cegante do céu. Ele se identificou e confrontou Paulo sobre o que ele estava fazendo. Então ele disse a Paulo para esperar na cidade. Ele ficou cego por três dias e jejuou e orou, finalmente percebendo que os cristãos estavam certos sobre Jesus.
Homens não espirituais pensam em termos de tempos e títulos, que Deus faria certas coisas depois, mas não agora, que faria certas coisas por meio dos apóstolos, mas não por meio de outras pessoas. Por essa razão, eles se esforçam muito para obter o reconhecimento humano. Eles se medem de acordo com os títulos que receberam das instituições humanas, e se comparam aos outros por meio deles. E é assim que eles pensam de você. Você poderia ser o próprio Jesus Cristo, mas eles diriam: “Para qual seminário você foi? Qual denominação ordenou você? Com a autoridade de quem você faz essas coisas?”. Você poderia estar cheio de uma legião de demônios, mas se você tiver as credenciais humanas que eles respeitam, eles farão uma reverência e o chamarão de “reverendo” e “doutor”. É uma cultura mundana e patética.
Quem poderia ser qualificado para impor as mãos sobre esse fariseu, um hebreu de hebreus, e esse futuro apóstolo, missionário, defensor da fé e escritor da Escritura? Se pensarmos como o homem carnal, quem poderia fazer isso, exceto Pedro, João ou Tiago? Talvez nem mesmo Mateus fosse bom o suficiente. Mas Jesus enviou um discípulo regular — um homem que não tinha um título especial.¹ Ele não foi chamado de apóstolo, profeta, mestre, presbítero ou mesmo diácono. Não somos informados sobre sua linhagem e educação.
O que Simão tentou comprar de Pedro — a habilidade de conceder a plenitude do Espírito pela imposição de mãos — Ananias poderia fazer como um cristão regular. Ele era um “discípulo”! Ele era um aluno de Jesus Cristo. Não há necessidade de um título maior. Você não pode comprar essa habilidade. Você não pode estudar para obtê-lo. Você não pode se graduar nele. Você deve ter um relacionamento real com Deus e uma comissão de Cristo para operar neste tipo de ministério. Isso deixa algumas pessoas muito iradas, iradas o suficiente para matar, que Jesus ousaria contornar a estrutura eclesiástica deles. Toda a sua instrução e networking são fúteis se você negar que Jesus usaria qualquer discípulo para realizar suas obras maiores, porque você rejeitou a visão dele para o seu povo.
Paulo estava familiarizado com a mensagem cristã antes disso. Ele tinha ouvido o poderoso testemunho e visão de Cristo de Estêvão. Estêvão não era um apóstolo, mas era cheio do Espírito e operou sinais poderosos e maravilhas entre o povo. Sob interrogatório, ele expôs as obras de Deus e mostrou que elas levaram à vinda de Jesus Cristo, e declarou que os judeus sempre foram rebeldes, culminando em perjúrio e assassinato contra seu próprio Messias. Os judeus ficaram furiosos, mas ele olhou para cima e viu Jesus à direita de Deus. Paulo foi uma testemunha de tudo isso e ele aprovou quando os judeus apedrejaram Estêvão até a morte (Atos 7).
Portanto, Paulo conhecia a mensagem cristã e deve tê-la ouvido e examinado muitas vezes desde então, mas não cria nela. Mas agora ele tinha visto Jesus sob uma luz ofuscante e finalmente percebeu que Estêvão estava certo o tempo todo. A fé cristã era verdadeira durante todo esse tempo em que ele lutou contra ela. E por três dias ele jejuou e orou com isso em mente.
Mesmo assim, há teólogos que lhe dirão que Paulo ainda não era convertido. Por quê? Porque Ananias viria para que Paulo pudesse ser cheio do Espírito, e apesar de todas as evidências bíblicas em contrário, os teólogos insistem que a conversão a Cristo é o mesmo evento que o enchimento do Espírito. Eles insistem que os dois são a mesma coisa para que não tenham de admitir que são deficientes em sua busca cristã. Portanto, eles reconhecem prontamente que o criminoso que foi crucificado com Cristo foi salvo por sua confissão do reino de Cristo, mas de alguma forma Paulo permaneceu não salvo por três dias após extensa exposição à mensagem cristã e vendo o Cristo ressuscitado em uma luz ofuscante, seguido de jejum e oração.
É assim que alguns pregadores e eruditos cairão para proteger seu orgulho e tradição. Esses hipócritas religiosos pressionam muito por suas agendas teológicas, independentemente do que a Bíblia realmente diga. Quando a Bíblia os contradiz, é de alguma forma uma “exceção” à sua doutrina. Ah, doces exceções! Que Deus derrame exceções sobre nós neste dia de hipocrisia teológica. Que Deus, como sempre faz em Atos, abra uma exceção todas as vezes, sem exceção, para que ninguém que creia e tenha fome por ele seja excluído de sua graça e poder. E que ele nos faça exceções para as cobras e escorpiões que ensinam nosso povo, para que manejemos sua palavra com fé e integridade.
Os cristãos reverenciam a herança da Reforma. No entanto, quando as pessoas não se apegam a Jesus Cristo com uma fé simples, então elas apenas vão sair do catolicismo para o farisaísmo. Mas esse é o objetivo de tudo isso? Deixamos a idolatria e nos tornamos assassinos? Então o qual é? Os hipócritas religiosos que buscam a aprovação humana e a autoridade humana em vez do Senhor Jesus me dirão: “Quem é você? De onde você vem? Qual homem autorizou você a fazer essas coisas? Qual instituição aprovou sua doutrina?”. Eu vou responder: “Eu sou Ananias. Eu sou Vincent Cheung, um discípulo de Jesus Cristo. Agora, você e que legião de demônios me impedirão de seguir a visão celestial?”.
Lute pela sua identidade, liberdade e habilidade em Jesus Cristo. Não fuja da escravidão à injustiça apenas para ficar sob a escravidão da incredulidade e tradição. Sirva a Cristo sozinho com confiança e desafie todos aqueles que querem enganá-lo sobre seu lugar nele. Que Deus nos encha com seu Espírito, um espírito de ousadia e poder, para que, um a um, enfrentemos um estabelecimento religioso impotente, sem fé e hipócrita — nossos pregadores e teólogos, nossas igrejas e seminários, nossas denominações e outras autoridades eclesiásticas que conspiram contra o poder de Deus e seu Espírito — e digamos: “Eu sou Ananias. Mas quem é você? Me diga! QUEM É VOCÊ?!”.
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¹ Quando Paulo fez sua defesa diante dos judeus, ele se referiu a Ananias como um homem respeitado em meio aos judeus em Damasco (Atos 22:12). Mas isso não nos diz nada sobre a sua posição na comunidade cristã, e não sugere que ele tenha sido um apóstolo, ou um profeta, ou nada mais do que um cristão regular.
Vincent Cheung. I am Ananias. Disponível em Sermonettes — Volume 7 (2012), pp. 50–52. Tradução: Luan Tavares (13/09/2021).
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