Escolha e Presença na Igreja
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Eu sempre considerei os argumentos usuais sobre frequência à igreja e membresia forçados e não convincentes, muitas vezes completamente inventados e desonestos. Parece que aqueles que apresentam esses argumentos desejam impor uma tradição humana, não importa qual, e impõem uma obrigação moral além do que a Bíblia ensina e implica.
Todos os argumentos que afirmam a necessidade da espiritualidade corporativa e que minam e condenam a espiritualidade individual, mesmo uma espiritualidade isolada (quando esse isolamento ocorre não por causa da rebelião, mas por causa da providência), são completamente inventados e antibíblicos. Um popular teólogo reformado até apelou para o slogan de que Deus é nosso Pai e a Igreja é nossa mãe. Isso é heresia e blasfêmia.
Embora a igreja como comunidade local em si mesma não seja uma tradição humana, mas sim uma ideia de Deus, de modo que é boa e bíblica, há elementos práticos em como o ensino é implementado para que haja flexibilidade em sua aplicação. Se uma igreja é realmente muito ruim e você não consegue orientá-la para uma direção melhor, então não há razão bíblica para se obrigar a frequentar aquela igreja, mesmo que não haja outra igreja na área.
É popular insistir que um cristão nunca pode sobreviver, ou nunca pode crescer, ou nunca pode crescer adequadamente, a menos que esteja cercado por crentes solidários. Isso é um lixo total. A Bíblia não ensina isso. Talvez seja verdade na experiência de algumas pessoas porque elas não são crentes fiéis que se apegam a Cristo, mas sim fracas que confiam uns nos outros — a fé delas, pelo menos em parte, não é espiritual, mas humana ou social. Portanto, você não precisa ser ameaçado por eles ou escravizado na consciência por seus ensinamentos.
Dito isso, você ainda precisa ser realista sobre o motivo de não frequentar a igreja, sua fé como indivíduo e sua capacidade de viver e crescer como cristão separado da comunidade. É realmente possível e não necessariamente errado, mas por que você está fazendo isso, e você pode fazer isso? Leve sua fé a sério e, se realmente deve fazer isso, planeje medidas que o ajudem a crescer sem uma comunidade, como momentos regulares de oração e adoração, estudo, ministério e assim por diante.
Ao avaliar e escolher uma igreja, devemos preferir uma igreja “carismática” que seja globalmente sã em doutrina, mesmo que seja um tanto anti-intelectual, a uma igreja cessacionista que se apresenta como melhor em doutrina. Coloquei “carismática” entre aspas porque, em primeiro lugar, eu não deveria precisar fazer uma distinção, visto que isso é tão central para a fé cristã que deveria fazer parte de sua definição. Uma igreja que acredita em Deus, ou na Escritura, ou na expiação, não deve precisar de uma designação especial. O cessacionismo é a aberração.
Evite uma igreja que está morta em incredulidade. Queremos de uma igreja que seja sã na doutrina e forte na fé, mas é difícil encontrar uma igreja assim. Obviamente, a verdade de que Deus realiza milagres pelas pessoas e por meio delas é em si mesma uma sã doutrina, um aspecto essencial do evangelho. Portanto, com outras coisas iguais, uma igreja “carismática” tem uma teologia superior em comparação com uma igreja cessacionista. Uma igreja “carismática” pode não enfatizar suas doutrinas favoritas, mas ainda pode ser correta em doutrinas como a onipotência de Deus, onisciência, a natureza de Cristo, sua expiação, justificação pela fé e assim por diante. E é menos provável que explique tudo o que os Evangelhos e Atos ensinam sobre o poder de Deus operando por meio de seu povo.
Mesmo como um forte defensor do intelectualismo bíblico, eu direi a você que quanto mais intelectual um grupo é, mais ele tende a ser possuído pelo espírito dos fariseus. Isso é evitável se o desenvolvimento espiritual for bem proporcionado e integrado à fé no poder, milagres e bênçãos de Deus, mas muitas comunidades falham nisso e são possuídas por um espírito religioso assassino. É muito forte nos Reformados e em outros círculos acadêmicos. Não pare de ser um fanático estúpido só para se tornar um fariseu assassino. O fariseu se considera superior, mas na verdade é muito pior.
Vincent Cheung. Church Selection and Attendance. Disponível em Sermonettes — Volume 6 (2012), pp. 79–80. Tradução: Luan Tavares (19/10/2019).