“Ele tem que lidar com a teologia de Jesus…”
“O maior problema com a teologia da prosperidade não é que ela promete muito, mas que ela almeja muito pouco. O que Deus nos promete em Cristo está muito acima de qualquer coisa que possa ser medida em riqueza terrena — e nem riquezas terrenas nem o dom da saúde são prometidos aos crentes.” (Albert Mohler)
Eu estou convicto que você é capaz de perceber o erro de Mohler e criticar você mesmo. A verdade não pertence a nenhuma pessoa, mas a todos que leem e creem na Escritura. O ensino bíblico não é minha opinião pessoal, mas o que a Escritura diz claramente. A declaração de Mohler é um retórico padrão de incredulidade. O falso dilema é desonesto e manipulador, um bom exemplo de sofisma religioso. O que me deixa indignado com isso não é apenas que ele está errado, mas que ele parece pensar que os cristãos são idiotas. Ele espera que VOCÊ engula e se convença disso. Mesmo que certas coisas sejam mais importantes que outras, Deus pode prometer algo menos significativo e algo mais significativo. Nesse contexto, nem mesmo precisamos classificá-los. Se Deus promete as duas coisas, então ele promete as duas coisas.
Se há algo errado com o que geralmente é chamada de teologia da prosperidade, então podemos criticar o que há de errado com ela. Mas Mohler falha em abordar o que realmente há de errado com ela, se é que há algum erro. Mesmo que haja algo errado com ela como um pacote, podemos jogar fora todo o pacote e apenas falar sobre o que a Bíblia diz. Ele tem que lidar com a teologia de Jesus, não com a teologia da prosperidade. Eu não me importo com o que a “teologia da prosperidade” promete. Jesus promete muitas coisas. Que coisas? Jesus disse: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6:33). O que são “todas essas coisas”? Ele estava falando sobre dinheiro, comida e roupas (vv. 24–31). Ele estava falando sobre coisas que “os pagãos correm atrás” (v. 32). Ele também disse: “O Pai sabe que vocês precisam delas” (v. 32). Se nos preocuparmos com elas, é porque temos uma fé muito pequena (v. 30).
Uma vez que estas são coisas que “os pagãos correm atrás”, não há como dar um giro espiritual ou figurativo nelas. Isso é muita “riqueza terrena”. E visto que Jesus as colocou sob a fé e a paternidade de Deus, isso é evangelho material. Não é uma questão ou doutrina secundária. É o evangelho. Assim, negar que a teologia de Jesus promete dinheiro, comida, roupas e coisas assim é falar contra a paternidade de Deus, contra Jesus Cristo, contra a fé e contra o evangelho. O que é a teologia da prosperidade? Eu não me importo. Esta é a teologia de Jesus, e nós não ouvimos Mohler ensinando isso. Deixe que pessoas como ele menosprezem a teologia da prosperidade e os pregadores da prosperidade. Eu não me importo, mas ele está apenas condenando a si mesmo, porque onde ele está errado sobre isso, ele comete calúnia — e onde ele está certo sobre isso, ele se condena, porque ele é muito pior com sua doutrina que é ainda menos fiel para com o evangelho.
Se eu concordo com eles sobre isso ou aquilo, os pregadores de prosperidade que eu conheço constantemente lembram as pessoas de “buscarem em primeiro lugar o reino de Deus”. Eles dizem isso repetidas vezes. Mesmo que não queiram dizer isso, eles dizem mais que seus críticos. Eles também sabem que Jesus disse que “A vida de alguém não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12:15). É assim que eles estabelecem sua mensagem enquanto falam sobre prosperidade. E então esses pregadores de prosperidade também dizem “e todas estas coisas lhes serão acrescentadas”. Que coisas? As coisas que os pagãos correm atrás — dinheiro, comida e roupas. Os pagãos não buscam apenas um pouco dessas coisas. Eles querem muito. Jesus também tinha a abundância em mente, pois ele disse que deveríamos considerar as lírios e a erva do campo, e elas estavam mais bem vestidas do que Salomão. Agora, se Mohler condena Jesus por trazer os pagãos para isso, deixaremos de lado por enquanto, mas Jesus até apelou a paternidade de Deus nisso, e Mohler ainda diz NÃO. Então, o que quer que dissermos sobre a teologia da prosperidade, podemos dizer que a teologia antiprosperidade é muito pior.
Quanto ao “dom da saúde”, é claro que a Bíblia o promete. Como se isso fosse possível, isso é ainda mais “evangelho” do que as promessas de prosperidade. Deus é aquele que “perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças” (Salmo 103:3). Ele disse: “Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação” (Salmo 91:16). Jesus “tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças” (Mateus 8:17). Ele disse que uma descendente de Abraão deveria receber cura, até mesmo no sábado, ou especialmente no sábado (Lucas 13:16). Foi o seu direito da aliança. Ele disse que a cura era para o povo da aliança como o pão era para os filhos de um lar (Mateus 15:26). Foi dado como garantia. Então Paulo disse que nós, que somos da fé, somos filhos de Abraão. Se quisermos ser técnicos, a cura é mais do que uma promessa, mas uma posse. O dinheiro na sua conta não é uma promessa, mas uma posse. Você precisará tirar o dinheiro para usá-lo, mas ele já pertence a você.
É isso que Mohler ensina? Ele cura os doentes e expulsa os demônios, especialmente no sábado, ou está ocupado demais falando sobre sua política? Se alguns se perguntam por que eles não têm experimentado essas promessas, nossa resposta é que de fato nós estamos experimentando, porque acreditamos nelas. E se o povo de Deus não tem experimentado essas coisas na medida especificada por essas promessas, é por causa dos mestres da incredulidade. Os benefícios do evangelho são recebidos quando eles são pregados e cridos (Gálatas 3:5). Os cristãos devem silenciar os falsos mestres ou, pelo menos, parar de ouvi-los. As pessoas confessaram o Senhor Jesus, e agora elas enfrentam a ira de Satanás, mas seus líderes removem as promessas de Deus que lhes permitiriam ter sucesso. Eles lucram com o sofrimento das pessoas. Já que algumas pessoas perguntaram, eu estou sendo literal quando digo tais coisas sobre esses falsos mestres, e eu não retratei a extensão total de seus pecados. A questão real é que ninguém pode defendê-los contra mim, porque estou certo sobre tudo isso. Esta é a verdade, e é hora de todos nós aceitarmos como é horrível ter essas pessoas liderando a acusação contra… bem, aparentemente contra o evangelho de Jesus Cristo.
Do e-mail
Vincent Cheung. “He has to deal with Jesus theology…” Disponível em Trace, pp. 29–30. Traduzido por Luan Tavares em 10/11/2018.