Deus e a Doença

As Obras de Vincent Cheung
10 min readFeb 13, 2021

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Deus usa a doença como arma contra seus inimigos. Isso ocorre mais notadamente em guerras em que ele defendeu seu povo e lutou por eles. Por exemplo, algumas das pragas contra o Egito envolviam doenças. Mais tarde, ele incluiu as doenças na maldição da lei, e lembrou ao povo das doenças que trouxe ao Egito (Deuteronômio 28:21–22, 27–28, 35, 58–60). Ele listou doenças como febre, tumores, doenças de pele, doenças mentais, cegueira, aflições nos membros, doenças crônicas e assim por diante. E acrescentou: “O SENHOR também fará vir sobre vocês todo tipo de enfermidade e desgraça não registradas neste Livro da Lei, até que sejam destruídos” (v. 61). Assim, a maldição da lei incluía todas as doenças. Mas Paulo disse: “Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro’” (Gálatas 3:13). Portanto, Cristo nos redimiu de todas as doenças. O cristão foi redimido do câncer, artrite, cegueira, doença mental e todas as doenças, listadas ou não na Bíblia. Isto é o evangelho. Esta é uma boa notícia para aqueles que creem.

É claro que os teólogos desejam espiritualizar isso, para que possam evitá-lo completamente. Eles reclamam que os crentes ignorantes alegorizam a Bíblia, mas os teólogos são os piores transgressores. Estes seriam alguns dos mesmos eruditos que declaram que os cristãos não devem distinguir entre o espiritual e o físico, o sagrado e o secular, que Deus é para a vida toda. Hipócritas estúpidos. Para obscurecer sua incredulidade, eles espiritualizariam a redenção. Mas Paulo disse que fomos redimidos da maldição da lei, e não há como espiritualizar toda a maldição da lei quando Deus se referiu à pobreza, fome, guerra e as mesmas pragas que enviou ao Egito. Deus não destruiu o Egito espiritualmente ou figurativamente — as pragas eram físicas. A maldição da lei não se referia a febre espiritual, tumores místicos, doença cutânea metafórica, aflições articulares virtuais — não, eram doenças físicas. E Cristo nos redimiu da maldição da lei — sim, ESSA maldição. Portanto, Cristo nos resgatou de doenças físicas. Por que nem todo cristão experimenta cura completa? Paulo acrescentou que a bênção de Abraão é recebida pela fé (Gálatas 3:14).

Os religiosos farisaicos se ordenam para policiar o mundo cristão, alegando que as pessoas têm comichão nos ouvidos e falham em pregar o evangelho. Mas eles pregam isso? Eles pregam que Cristo nos redimiu da maldição da lei e que a maldição da lei incluía todas as doenças, listadas ou não listadas na Bíblia? Se eles pregam, então vamos nos unir e pregar este evangelho de cura, as boas novas de que Cristo nos libertou de todas as doenças, de que não estamos mais sob o poder das doenças. Mas se eles não pregam isso, então eles não pregam o evangelho, e eles não têm o direito de criticar outras pessoas. Na verdade, eles não têm o direito de se dirigir aos crentes, muito menos possuir diplomas e posições entre eles. Se eles pregam contra isso, eles são totalmente antievangelho e anticristo. Em vez de reverenciados como mestres e defensores da fé, eles devem ser envergonhados e condenados, até mesmo excomungados. Se Deus usasse alguma doença, ele a usaria contra pessoas como eles, para que a falsa doutrina deles se cumpra em seus próprios corpos.

Falando de pessoas como eles, Deus também usa a doença como julgamento contra aqueles que profanam o evangelho e cometem pecados perversos. Em alguns casos, ele eliminaria milhares de seu próprio povo devido à idolatria e imoralidade. Paulo disse que alguns dos coríntios estavam fracos, enfermos e mortos, não porque Deus os derramou com o “dom” da doença — notamos que ela é uma maldição — mas porque eles profanaram a Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:30). Jesus curou um homem inválido por trinta e oito anos. Então ele disse: “Não volte a pecar, para que algo pior não aconteça a você” (João 5:14). Não somos informados sobre a natureza de seu pecado, e se Jesus estava falando da perspectiva do julgamento de Deus contra ele ou do pecado abrindo a porta para Satanás infligir-lhe doenças. Mesmo assim, Jesus associou sua doença ao pecado, sugerindo que o homem não ficaria doente e não ficaria doente novamente se parasse de pecar. Isso é algo que pregadores e teólogos frequentemente se recusam a reconhecer. Mesmo que eles admitam que a doença às vezes é resultado do pecado, eles ainda se recusam a reconhecer que o arrependimento deve trazer uma cura milagrosa, e que viver em fé e retidão deve prevenir a recorrência da doença. Isso também é um repúdio à doutrina e ministério de Jesus Cristo.

Uma vez, Jesus encontrou um homem cego de nascença. Seus discípulos perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?”. Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele” (João 9:1–3). Você exclama: “Veja! Veja! Doença para a glória de Deus”. Não. Não. CURA para a glória de Deus. Jesus disse que a obra de Deus se manifestaria na vida do homem, e a obra de Deus seria a cura milagrosa da cegueira: “Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” (v. 25). Como resultado, o homem foi movido a ter fé em Cristo: “Então o homem disse: ‘Senhor, eu creio’. E o adorou” (v. 38). A obra de Deus sobre a qual Jesus falou era cura, e apenas cura. E esta cura trouxe glória a Deus. Em contraste, quando pregadores e teólogos relacionam a doença com a glória de Deus, eles se referem à própria doença, como o homem a suportou ou como ele supostamente se beneficiou dela, em vez de uma cura milagrosa. Isso é uma perversão e rejeição do evangelho.

Percebemos que a morte e a doença se originaram no pecado de Adão, e este texto nos lembra que nem todo caso de doença é resultado do próprio pecado de uma pessoa. Mas também nos lembra que, se não há pecado no caminho, a pessoa deve receber a cura e a obra de Deus exibida em sua vida. Mesmo que haja pecado, a pessoa pode se arrepender, e então a obra de Deus também se manifestará em sua vida, tanto no perdão quanto na cura: “A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, ele será perdoado” (Tiago 5:15). Não há desculpa para não ser curado.

As pessoas dizem: “E quanto a Jó?”. Bem, e quanto a Jó? Você acha que seus pregadores e teólogos sabem muito sobre ele? Diga-me, ele tinha uma aliança com Deus? Em caso afirmativo, quais eram os termos do contrato? Isso concedeu a ele imunidade de Satanás? Prometeu-lhe cura? Se ele não tivesse esse contrato, ele estaria vulnerável. Mesmo assim, Deus o abençoou soberanamente e colocou uma cerca ao seu redor antes que fosse afligido, possivelmente sem qualquer promessa ou aliança (Jó 1:10). Sabemos que foi Satanás quem o deixou doente. Sabemos que embora Jó fosse melhor do que seus amigos, Deus ainda lhe disse: “Quem é esse que obscurece o meu conselho com palavras sem conhecimento? Aquele que contende com o Todo-poderoso poderá repreendê-lo? Que responda a Deus aquele que o acusa! Você vai pôr em dúvida a minha justiça? Vai condenar-me para justificar-se?” (Jó 38:1–2, 40:1–2, 8). E Jó respondeu: “Certo é que falei de coisas que eu não entendia, coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber” (42:3).

Jó tinha uma aliança? Ele tinha a aliança de Abraão, ou alguma semelhante? Com Jó, Deus disse que o homem era fiel, mas ignorante. Mas com Abraão, Deus disse que ele não faria nada a menos que discutir sobre isso com seu amigo da aliança (Gênesis 18:17, Salmo 25:14, Amós 3:7, João 15:15, Tiago 2:23). O que eu sei é que Abraão tinha uma aliança com Deus. O que eu sei é que Jesus chamou a doença de escravidão satânica, e que alguém que herdou o contrato de Abraão deve ser libertado dela (Lucas 13:16). O que eu sei é que Pedro chamou a doença de opressão satânica, e que Jesus saiu por toda parte livrando as pessoas dela (Atos 10:38). E eu sei que “os que são da fé é que são filhos de Abraão”, de modo que “os que são da fé são abençoados com Abraão, homem de fé” (Gálatas 3:7, 9). E quanto a Jó? Ele foi um exemplo de paciência, e sabemos que Jó era fiel, mas ignorante, mas se ele não tinha um contrato com Deus, Deus fez muito mais por ele do que deveria antes de Satanás o atacar. E sabemos que após este tempo de sofrimento, Deus dobrou sua riqueza, curou-o e deu-lhe uma vida longa (Jó 42:10–17). Isso é o que sabemos sobre Jó, que provavelmente não tinha contrato nem promessa de Deus.

Mas e quanto a Abraão? Você sabe sobre Abraão? Qual é a sua desculpa? Você ainda diz: “E quando a ele? E quanto a ela?”. Mas e quanto aos milhares que receberam cura? Por que você tenta encontrar exceções, se é que há exceções, e por que as exceções sempre se aplicam a você? Se houver exceções, por definição, elas não se aplicariam estatisticamente quase sempre a outra pessoa, de modo que talvez nunca aconteçam com você, mesmo durante três vidas? É porque você não tem fé, mas quer se justificar. Por que você está perguntando sobre Jó ou qualquer outra pessoa, quando deveria perguntar sobre Jesus Cristo, que nos deu o contrato de Deus com Abraão pela fé? Jó provavelmente era vulnerável a Satanás, embora Deus o tenha abençoado mesmo assim, antes e depois de seu sofrimento. Mas Jesus disse que o contrato de Abraão incluía a libertação de Satanás. Ele até assumiu que o contrato de Abraão incluía cura, tanto quanto os filhos de uma família podem esperar pão em sua mesa (Mateus 15:26). Por que perguntar sobre outra pessoa, e por que considerar possíveis exceções, a menos que você não tenha parte nesta aliança, e a menos que você não tenha se unido a Cristo? Se exceções às promessas explícitas do evangelho são possíveis, e se elas parecem acontecer com você, então talvez você seja uma exceção para a salvação pela fé. Talvez você tenha fé em Cristo, e Deus ainda vai mandá-lo para o inferno para queimá-lo para sempre. O “dom” do inferno para a glória de Deus. Você pode ter isso, mas eu terei o dom da justiça e da vida eterna por meio da fé de acordo com a promessa dele, e também a cura.

Portanto, a Bíblia ensina que a doença é uma arma, a doença é uma maldição, a doença é um julgamento, a doença é uma consequência do pecado, a doença é uma escravidão satânica e a doença é uma opressão satânica. Mesmo se nós, em rebeldia à Escritura, acrescentarmos que a doença pode ser um dom de Deus, quão provável é que seja um dom, quando a doença também é todas essas outras coisas? Certamente não pode ser um dom em todos os casos, então os cristãos devem receber pelo menos a cura milagrosa sempre que não for um dom, o que acontece na maioria das vezes. Mas por que Jesus continuou destruindo o dom de Deus em todos os lugares que ele foi, em dezenas de milhares de pessoas? Por que seus discípulos fizeram o mesmo? Por que o evangelho deles eliminou esse dom da doença em todos os lugares em que foi pregado? É porque a doença não é um dom, mas uma maldição. O dom é a cura, não a doença. Se você está com fome e eu lhe dou comida, então a comida é o dom, não a fome. Por que preciso explicar algo assim? Estou ensinando teologia para um peixinho dourado? Se a doença resulta em glória para Deus, isso acontece quando ela fornece o cenário para exibir a obra de Deus na forma de cura milagrosa. Se não há cura de Deus, então não há glória para Deus. Há apenas uma maldição, um julgamento, escravidão e opressão. Degradação total.

Você não percebe? Se a doença vem de Satanás, e temos um contrato com Deus que promete imunidade e libertação, então esta é uma boa notícia. A boa notícia é que não somos vítimas passivas e alvos indefesos de Satanás. E você não percebe? Se Satanás puder convencê-lo a apenas jogar suas mãos para cima e clamar “a vontade de Deus!” sempre que ele fizer algo para você, você viverá como alguém sem aliança. Se Satanás pode convencê-lo de que a aliança oferece apenas benefícios “espirituais” — seja lá o que isso signifique — mesmo quando ele o aflige de todas as maneiras que pode, e se ele pode convencê-lo de que certos benefícios da aliança cessaram, então, novamente, você viveria como alguém sem aliança. Você viveria como alguém sem Deus e sem esperança neste mundo. A Bíblia chama a doença de arma, maldição, julgamento, consequência, escravidão e opressão. Jesus a combateu em todos os lugares que ele foi. Seus discípulos a combateram em todos os lugares que pregaram. Em contraste, hoje em dia os cristãos tendem a ensinar que Deus pode usar a doença como uma coisa geralmente benéfica, para refinar, santificar e educar o crente. Mesmo o arrependimento pode não limpar o caminho para a cura, e a fé em suas promessas explícitas pode não fazer nada “a menos que seja a vontade de Deus” (não quebrar sua promessa). Isso é contrário à forma como a Bíblia apresenta a situação. Isso é um tapa no rosto de Jesus.

Vincent Cheung. God and Sickness. Disponível em Fulcrum (2017), pp. 78–81. Tradução: Luan Tavares (01/09/2020).

© Vincent Cheung. A menos que haja outra indicação, as citações bíblicas usadas neste artigo pertencem à BÍBLIA SAGRADA, NOVA VERSÃO INTERNACIONAL ® NVI ® Copyright © 1993, 2000, 2011 de Sociedade Bíblica Internacional. Todos os direitos reservados.

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Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

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