Ciência Oculta

Vincent Cheung, Doctrine and Obedience (2012).

Os mestres de ocultismo têm promovido cada vez mais suas ideias de uma perspectiva científica. Mesmo as instruções sobre necromancia, incluindo a conjuração de demônios, são expressas em linguagem científica.

Explorando a reverência idólatra e delirante dos homens pela ciência — as próprias habilidades e métodos dos homens para descobrir conhecimento e manipular o mundo — até mesmo as doutrinas demoníacas mais sombrias são adotadas por aqueles que, de outra forma, as rejeitariam como supersticiosas, impraticáveis ​​ou más.

Esta versão científica do ocultismo também fornece uma desculpa para aqueles que afirmam ser cristãos, mas que adoram a ciência, para abraçar todas as variedades de adivinhação. O pensamento é que se algo é cientificamente explicado como natural, então em si mesmo é provavelmente neutro ou bom, embora possa ser abusado e usado para o mal.

Dessa perspectiva, a clarividência, a projeção astral e semelhantes são habilidades inatas de Deus — não são espirituais ou demoníacas, mas naturais e científicas. Os transes não têm nada a ver com o espiritual ou demoníaco, mas são explicados em termos de ondas cerebrais alfa e delta aumentadas. Astrologia e Feng Shui nada mais são do que investigação e exploração das “leis naturais”[4] que Deus instalou no universo, à semelhança dos estudos de física e química.

É claro que mesmo com essa maneira de pensar, aqueles que afirmam ser cristãos não podem escapar das numerosas proibições bíblicas contra a magia e o ocultismo.[5] Mas, por mais ilegítimo e falacioso que seja, oferece a eles uma desculpa para ignorar os mandamentos de Deus, ao passo que eles talvez não tivessem antes.

Aqueles que adoram a ciência — isto é, aqueles que adoram a si mesmos, visto que a ciência não se refere a algum poder objetivo e externo, mas às habilidades e métodos dos homens que eles supersticiosamente consideram confiáveis — não são todos enganados. No entanto, a razão para rejeitá-lo é igualmente irracional. Eles descartam as explicações científicas do ocultismo como “pseudociência”. Essa rejeição é frequentemente feita ao ouvir a própria menção do tópico, sem consideração das teorias, experimentos e estatísticas.

No entanto, se por uma investigação racional eles conseguirem refutar o ocultismo, eles descobrirão que suas próprias teorias são facilmente destruídas sob o mesmo tipo de escrutínio. Aqueles que adoram a ciência são muito tendenciosos intelectualmente, desonestos e hipócritas para exercer o mesmo nível de ceticismo em relação à própria ciência.

Como demonstrei em outro lugar, toda ciência é supersticiosa e irracional — todos os raciocínios científicos são logicamente falaciosos.[6] Visto que a própria ciência é pseudorracional, a ciência genuína não é essencialmente melhor do que a pseudociência. Ambas são aniquiladas sob análise racional e devem se ajoelhar diante da revelação divina. Eu posso refutar qualquer teoria científica com a mesma facilidade com que posso refutar qualquer ensino ocultista, de modo que a ciência não tem o direito de falar quando estou discutindo essas coisas. Eu não preciso refutar a ciência do ocultismo, porque eu refutaria diretamente a própria ciência.

Quando se trata de ocultismo, muitos cristãos, e especialmente os cessacionistas, vivem em negação e descartam toda a categoria como superstição. Mas então eles também devem condenar a Bíblia como superstição quando reconhece a realidade dos poderes ocultos. Muitos que afirmam afirmar o sobrenaturalismo bíblico afirmam isso apenas o suficiente para permitir o sobrenaturalismo durante os tempos bíblicos, mas não tanto que eles tenham que viver como sobrenaturalistas hoje. Eles o afirmam apenas o suficiente para que possam afirmar a criação do mundo e a inspiração da Escritura, mas não tanto a ponto de terem que enfrentar a realidade das atividades demoníacas hoje. Eles o afirmam apenas o suficiente para que possam se passar por sobrenaturalistas doutrinários, mas não tanto que não possam mais viver como deístas práticos. Eles são fraudes religiosas e hipócritas.

O ocultismo constitui um grande problema para a igreja. Aqueles que afirmam ser cristãos muitas vezes deixam de perceber qualquer conflito entre sua fé e o ocultismo. Os líderes da igreja devem abordar este tópico para que as pessoas entendam a posição bíblica e punição.

Ao alertá-los sobre o ocultismo, não tente uma refutação científica, como se para sancionar o culto da ciência. Se o ídolo permanecer em seus corações, eles serão explorados pela próxima onda de afirmações científicas. Seria contraproducente alertar contra as ideias que as pessoas acreditam ser budistas, mostrando que as ideias não são de fato budistas, como se fosse aceitável abraçar ideias verdadeiramente budistas.

Destrua o ídolo. Demonstre racionalmente a eles que a própria ciência é sempre falaciosa, que os homens nunca podem obter conhecimento à parte da revelação de Deus. Explique a eles que a verdadeira sabedoria não é encontrada na ciência e o poder supremo não é encontrado no ocultismo. Antes, a sabedoria e o poder são encontrados apenas no Grande Livro, de modo que pelo Espírito Santo possamos ter contato íntimo com a própria sabedoria e poder de Deus, o Autor e Governante de todas as coisas (Gálatas 3:5).

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[4] Eu nego que existam coisas como leis naturais, e toleraria o termo apenas no sentido de que são descrições da maneira que Deus ordinariamente age para sustentar e controlar sua criação.
[5] Por exemplo, Deuteronômio 18:10–11 diz: “Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos” (ARC).
[6] Veja Vincent Cheung, Ultimate Questions, Presuppositional Confrontations e Captive to Reason.

Vincent Cheung. Occult Science. Disponível em Doctrine and Obedience (2012), pp. 13–14. Tradução Luan Tavares (28/08/2021).

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