As “Boas” Obras dos Ímpios
Sobre a doutrina da predestinação divina, eu ainda estou confuso sobre alguns daqueles que seriam enviados para o inferno. E aquelas freiras católicas que cuidam dos necessitados — alguém como Madre Teresa?
Embora o contexto seja a predestinação, é possível direcionar essa pergunta a respeito das “boas” obras dos não cristãos para toda a fé bíblica, e especialmente para a doutrina da justificação pela fé. Todos os cristãos creem que o homem não pode ser salvo pelas obras, mas sua pergunta implica uma rejeição da justificação pela fé. Se você pensa assim, então a doutrina da predestinação é o menor dos seus problemas.
Só porque uma freira parece ter feito algumas boas obras não faz nenhuma diferença, a menos que ela realmente confie em Cristo para a salvação. Ajudar ou unir a humanidade sem Deus e sem a verdadeira religião é apenas uma tentativa de construir Babel. É uma tentativa centrada no homem de enaltecer a humanidade. É rebelião disfarçada de retidão e compaixão. As “boas” obras dos não cristãos não têm o objetivo de promover a fé em Cristo e a obediência a Deus, mas manter a rebelião dos homens, de forma que eles não confiarão ou adorarão a Deus.
Se declaramos nossas obras como ponto de referência para o bem e o mal, então já temos sucumbido à tentação original de Satanás, tornando-nos iguais a Deus. Essa é a maldade que está por trás da sua pergunta e a maldade que está em seu coração. Uma “boa” obra é verdadeiramente uma boa obra apenas porque é assim nos termos de Deus, e não porque tem a aprovação dos homens.
Enquanto eles permanecerem não cristãos, suas supostas “boas” obras ainda são pecaminosas e incorrem na ira de Deus. A diferença é que essas “boas” obras, visto que demonstram uma concordância superficial com os preceitos de Deus, são frequentemente consideradas menos ímpias do que suas outras ações. Ainda assim, não é necessariamente verdade que as “boas” obras dos não cristãos são sempre menos ímpias do que suas outras obras, porque Deus também leva em consideração seus motivos e atitudes.
Se um não cristão realizar o que parece ser uma “boa” ação, como alimentar um mendigo, mas se o fizer por um motivo ímpio (admiração por sua própria compaixão, afirmando a independência da humanidade de Deus, etc.), então isso é provavelmente considerado ainda mais ímpio do que se ele realizasse uma ação obviamente ímpia, como chutar o mendigo no rosto.
Paulo escreve: “Como já dissemos, agora repito: Se alguém anuncia a vocês um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gálatas 1:9). Uma vez que uma pessoa aceita uma religião ou cosmovisão falsa, torna-se irrelevante se ela ainda parece fazer boas obras, porque “todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo” (Isaías 64:6). Estas não são obras genuinamente boas, e a pessoa está indo direto para o sofrimento sem fim no inferno.
Vincent Cheung. The “Good” Works of the Wicked. Disponível em Doctrine and Obedience (2012), p. 55. tradução: Luan Tavares (18/08/2020).
Sobre o autor: Vincent Cheung nasceu em Hong Kong (China), em 16 de setembro de 1976. Atualmente reside em Boston (EUA) com a sua esposa Denise. Ele é autor de mais de trinta livros e centenas de palestras sobre assuntos como teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como sistema de pensamento abrangente e coerente, como revelado por Deus na Escritura.
Site oficial: https://www.vincentcheung.com/