A Futilidade dos Argumentos Pragmáticos

Vincent Cheung, Captive to Reason (2009).¹

As Obras de Vincent Cheung
3 min readJun 27, 2021

Quanto ao seu ensaio sobre a perspectiva bíblica sobre o uso de drogas, não o li com a atenção que gostaria, mas gostaria de responder com alguns comentários iniciais. Sua citação de John Frame é particularmente interessante:

A legalização as drogas é, a meu ver, uma opção a se considerar. A “guerra às drogas” não parece ter tido sucesso e é improvável que tenha sucesso no futuro próximo. A legalização reduziria o custo das drogas e, portanto, a taxa de criminalidade. Estou inclinado a uma posição que legalizaria drogas para adultos, mas proporcionaria penalidades severas para aqueles que vendem para crianças. Isso é paralelo à regulamentação do álcool e do tabaco. Estou inclinado a pensar que os adultos deveriam assumir a responsabilidade pelas suas próprias escolhas nessa área.

Eu não tinha lido isso antes e fiquei surpreso que ele tenha usado um argumento pragmático tão pobre. A esta altura, eu não deveria estar surpreso com argumentos ruins, mas às vezes eles são tão obviamente falaciosos que ainda sou pego de surpresa, especialmente quando são apresentados por pessoas que deveriam ter um conhecimento melhor.

Mesmo que pudéssemos concordar que a “guerra às drogas” não funciona, os argumentos pragmáticos são fracos porque muitas vezes há maneiras de fazer algo funcionar que não funciona — as pessoas simplesmente se recusam a fazê-lo funcionar.

Considere a política de punição contra o uso de drogas ilegais. Suspeito que se o governo transformasse até mesmo o uso mínimo de drogas em crime capital, punível com execução imediata independentemente da idade, então a guerra contra as drogas de fato “funcionaria” mais eficazmente. Ou, se for a política do governo matar imediatamente o usuário de drogas, todos os seus amigos e todos os seus parentes, tenho certeza de que haveria menos usuários de drogas. É claro que não estou sugerindo que essa deva ser a política, mas estou dizendo que, quando uma pessoa usa um argumento pragmático contra algo, muitas vezes eu posso fazer uma sugestão que inverte a conclusão.

A pena de morte é outro exemplo. Aqueles que se opõem à pena de morte costumam dizer que ela não adianta porque fracassa em diminuir a criminalidade. Isso pressupõe que a punição tem apenas o propósito de dissuasão, mas, ignorando isso por enquanto, devemos nos perguntar por que a pena de morte não é eficaz. Talvez seja porque depois de prender e condenar os criminosos, nós os alimentamos, damos conforto, os deixamos apelar repetidamente por muitos anos, damos a eles todos os tipos de direitos e privilégios e, depois de tudo isso, os matamos com uma injeção indolor.

Tenho certeza de que a pena capital seria eficiente contra crime se o governo matasse todos os criminosos condenados em seis meses, e com a punição mais dolorosa, horrível e prolongada que se possa imaginar, e a transmitisse em televisão pública para mostrar aos criminosos em potencial como seriam tratados.

Novamente, eu não estou sugerindo que essa deva ser a política, mas apenas que o argumento pragmático não é bom, porque se o argumento é que não funciona, então tudo que tenho a fazer é sugerir algo que o faça funcionar. Quando você baseia um argumento em se algo funciona, o oponente pode muitas vezes apenas dar um contraexemplo.

Há muitos outros problemas com argumentos pragmáticos. Por exemplo, ele identifica o bem ou o “deveria” com o prático. Além disso, ele assume que o fim pelo qual os meios são julgados é de fato o fim que deve ser desejado.

━━━━━━━━━━━━━━━
¹ O que se segue é uma correspondência editada com alguém que me enviou seu ensaio sobre a perspectiva bíblica sobre o uso de drogas.

Vincent Cheung. Captive to Reason (2009), pp. 52–53. Tradução: Luan Tavares (26/06/2021).

━━━━━━━━━//━━━━━━━━

Copyright © 2009 por Vincent Cheung
http://www.vincentcheung.com

--

--

As Obras de Vincent Cheung
As Obras de Vincent Cheung

Written by As Obras de Vincent Cheung

Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão. Ele e sua esposa moram nos Estados Unidos. “Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23)

No responses yet