A Doutrina do Inferno
Este é um resumo da doutrina bíblica do inferno. Alguns dos itens abaixo sofrem a oposição veemente de muitas pessoas, incluindo aqueles que se autodenominam calvinistas e cristãos reformados. Eles estão muito orgulhosos de sua posição sobre a soberania divina, mas sua doutrina é uma versão severamente enfraquecida e comprometida do que a Bíblia ensina, e eu os refutei em vários lugares.
- O inferno é um lugar criado para espíritos réprobos, tanto anjos quanto homens.
- O inferno é um lugar cujos habitantes são soberana e incondicionalmente escolhidos e criados por Deus para a condenação. [1]
- O inferno é um lugar no qual Deus exige punições não redentoras, mas vingativas, sobre seus habitantes.
- O inferno é um lugar onde Deus ativamente causa tormento infinito, consciente e extremo para seus habitantes.
- O inferno é um lugar no qual Deus exibe sua justiça, retidão, ira e poder, e por meio do qual ele se glorifica.
- O inferno é um lugar que Deus criou soberanamente, e tudo o que Deus faz é certo e bom por definição; portanto, é certo e bom que Deus tenha criado o inferno. [2]
- O inferno é um lugar que Deus criou soberanamente, e por meio do qual ele se glorifica; portanto, é pecado desaprovar ou ser repelido por sua existência ou propósito de qualquer forma. [3]
- O inferno é um lugar que Deus criou soberanamente, e por meio do qual ele se glorifica; portanto, é certo e bom oferecer louvor reverente e exuberante e ações de graças a Deus por sua criação, existência e propósito.
- O inferno é um lugar sobre o qual Deus adverte na Escritura, e sobre o qual Cristo pregou em seu ministério na terra; portanto, é certo e bom para os crentes pregar sobre o inferno e sobre a única maneira de evitá-lo, que é a fé em Jesus Cristo, soberanamente concedida por Deus àqueles que ele escolheu para a salvação.
- O inferno é um lugar que Deus predestinou para os réprobos; portanto, embora seja certo e bom pregar o evangelho a todos os homens, de modo a chamar os eleitos e endurecer os réprobos, é errado e pecaminoso pregar como se Deus desejasse sinceramente a salvação dos réprobos ou como se fosse possível para os réprobos receberem fé e serem salvos. [4]
[1] Qualquer condição que parece se correlacionar com a reprovação de Deus a um indivíduo foi soberanamente decretada por Deus para ser parte desse indivíduo. Uma pessoa é escolhida para o inferno não por (ou em qualquer condição determinada por) sua própria “livre” vontade (que não existe), mas pela vontade soberana de Deus, que também soberanamente decreta e fornece ativamente todas as condições que o próprio Deus considera adequadas e necessárias, como pecado e incredulidade.
[2] Encontramos uma analogia na existência ou criação do mal. Embora o mal seja mau (o mal não é bom), visto que o mal existe apenas porque Deus o decretou ativa e soberanamente (não passiva ou permissivamente), portanto, é bom que haja o mal. Em outras palavras, o mal é mau (o mal não é bom), mas o decreto de Deus é bom — isto é, seu decreto de que o mal deve existir por sua vontade e poder ativo. O mal é mau e não bom, mas Deus não fez nada de errado ao decretar o mal; ele fez uma coisa certa e boa ao decretar o mal. Da mesma forma, Deus fez uma coisa certa e boa ao criar o inferno e ao predeterminar soberana, ativa e incondicionalmente a condenação dos réprobos.
[3] É certo e adequado considerar e discutir o assunto com temor e tremor, conhecendo a severidade e o poder de Deus, mas é errado e pecaminoso considerar e discutir o assunto de uma forma que implique desaprovação ou repulsa em relação ao inferno, como dizendo que Deus fez algo errado ao criá-lo. Desaprovar ou ser repelido pelo inferno não é um sinal de compaixão, mas um sinal de rebelião que deseja o bem-estar e conforto humano mesmo à parte da fé e da santidade, e à parte da dependência da graça de Deus.
[4] Isso se refere à chamada “oferta sincera” do evangelho.
Vincent Cheung. The Doctrine of Hell. Disponível em The Author of Sin (2014), pp. 43–44. Tradução: Luan Tavares (30/01/2021).